O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Belém nesta quarta-feira, 19 de novembro de 2025, para participar das discussões da COP30 com muita expectativa, mas sem conseguir destravar os impasses nas negociações climáticas.
Expectativa versus realidade na COP30
A presença de Lula na conferência do clima em Belém era aguardada como um possível impulso para as negociações que avançavam lentamente. No entanto, ao final do dia, o presidente limitou-se a repetir apelos já conhecidos sobre a necessidade de tratar as mudanças climáticas com urgência e maior comprometimento.
Durante o dia, Lula reuniu-se com representantes de diversos grupos: países africanos, árabes, latino-americanos, China, Índia, Alemanha, União Europeia, pequenos estados insulares, além de lideranças indígenas e cientistas. Apesar da intensa agenda diplomática, nenhum acordo sobre os temas mais polêmicos foi anunciado.
Discurso de apelo sem ações concretas
Em pronunciamento sem permitir perguntas, Lula caracterizou o evento em Belém como "a COP do povo", adicionando mais um apelido à conferência que já havia chamado de "COP da verdade" e "COP da implementação". O presidente defendeu que trazer a COP para Belém foi uma ousadia e classificou o evento como o melhor da história por permitir a participação popular.
Lula fez um apelo direto aos líderes mundiais: "Os líderes que dirigem os países do mundo hoje precisam compreender que se a gente não tiver um comportamento de acordo com a aspiração do povo, nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada democracia".
Recados ao mundo desenvolvido e sonhos ambiciosos
Em mensagem clara ao mundo desenvolvido, mesmo sem citar nomes específicos, Lula defendeu que países ricos precisam ajudar nações pobres e que é necessário colocar dinheiro para manter florestas em pé. O presidente criticou os bancos multilaterais por cobrarem "uma exorbitância de juros" de países africanos e latino-americanos.
O presidente também tratou do "Mapa do Caminho", iniciativa brasileira para que cada país defina como abandonará fontes poluidoras de energia. Apesar de ter sido definida há dois anos na COP de Dubai, a medida continua apenas no plano das intenções.
Demonstrando confiança, Lula revelou seus sonhos ambiciosos: "A tal ponto de sonhar em acabar com a guerra da Ucrânia e de convencer o presidente dos Estados Unidos de que o clima é importante".
O momento mais descontraído do dia aconteceu quando Lula, mostrando disposição e em tom de brincadeira, pegou a lente telescópica de um fotógrafo e colocou no olho, como se estivesse usando uma luneta.
A única notícia positiva do dia veio da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que anunciou a destinação de 1 bilhão de euros pela Alemanha para o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).