Lula defende financiamento global para Amazônia na COP30 em Belém
Lula cobra financiamento para Amazônia na COP30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente durante a abertura da COP 30, realizada em Belém do Pará, nesta quarta-feira (19). Em sua fala, o mandatário brasileiro não poupou críticas aos países desenvolvidos e defendeu a criação de mecanismos de financiamento internacional para a preservação da Amazônia.

Sucesso da COP brasileira

Lula não escondeu seu entusiasmo com a realização da conferência climática no coração da Amazônia. O presidente afirmou que a edição brasileira superou todas as anteriores, incluindo as de Copenhague, Dubai, Paris e Londres. "Isso aqui fez uma COP melhor do que a de Copenhague, do que a COP de Dubai, do que a COP de Paris, do que a COP de Londres, do que a COP de qualquer lugar, porque aqui o povo foi mais povo", declarou Lula para a plateia presente no Parque da Cidade, em Belém.

O chefe do Executivo brasileiro destacou que, apesar dos desafios logísticos de sediar um evento dessa magnitude no meio da floresta amazônica, o Brasil demonstrou capacidade de organização e provou que é possível realizar conferências internacionais de alto nível na região. "Era muito importante pra nós colocar a Amazônia como ela é, do jeito que ela é, na cabeça dos povos do mundo inteiro. O Brasil mostrou que é possível", afirmou.

Críticas aos países ricos e defesa do financiamento

Em um dos momentos mais aguardados de seu discurso, Lula voltou a cobrar financiamento internacional para a preservação da Amazônia. O presidente foi direto ao criticar a falta de apoio dos países desenvolvidos nas ações de combate às mudanças climáticas e proteção das florestas tropicais.

"Cuidar do clima é cuidar da manutenção e da existência do planeta Terra. Os países ricos precisam ajudar os países pobres. É preciso colocar dinheiro para que quem tem floresta em pé mantenha sua floresta em pé — para que as pessoas possam saber que preservando elas podem ganhar mais do que derrubando", declarou Lula com convicção.

O presidente também sugeriu mudanças significativas no sistema financeiro internacional, propondo que bancos multilaterais como o FMI e o Banco do BRICS alterem suas condições de cobrança de juros para nações mais pobres. A ideia é substituir parte das exigências financeiras por investimentos em transição energética.

"Os bancos multilaterais cobram uma exorbitância de juros dos países africanos e dos países pobres da América Latina. É preciso transformar parte dessa dívida em investimento para que a transição energética seja verdadeira. Caso contrário, quem vai sofrer é a parte mais pobre do planeta", alertou o presidente.

Defesa da primeira-dama Janja

Lula aproveitou a tribuna para defender publicamente a primeira-dama, Janja Lula da Silva, que foi alvo de críticas ao longo do ano por assumir um papel de coordenação na organização da COP 30. O presidente destacou o trabalho intenso desenvolvido por Janja e ressaltou que sua participação não se deu por ser sua esposa, mas por ter uma função oficial designada pela presidência da conferência.

"Eu não sei quantas vezes uma primeira-dama trabalhou tanto numa COP como a Janja trabalhou. E ela não está aqui porque era minha mulher — ela estava aqui porque tinha uma função. Ela tinha uma representação, dada pela presidência da COP, para percorrer o Brasil e o mundo falando da participação das mulheres", afirmou Lula, encerrando assim um dos discursos mais aguardados da conferência climática.