O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, manifestou forte crítica à versão final do documento da COP30, realizada em Belém, por não incluir referências aos combustíveis fósseis. Em declaração feita através de redes sociais no sábado, 22 de novembro de 2025, o mandatário classificou a omissão como "hipocrisia" e anunciou que seu país se opõe formalmente à declaração final do evento climático.
Crítica à ausência do tema central
Petro foi incisivo em sua posição, afirmando que "a vida no planeta, incluindo a nossa, só é possível se abandonarmos o petróleo, o carvão e o gás natural como fontes de energia". O presidente colombiano destacou ainda que a ciência já comprovou essa necessidade e que ele "não é cego à ciência".
A publicação ocorreu durante um momento crucial da conferência, quando a última sessão plenária havia sido suspensa devido a manifestações de diversos países contra as decisões estabelecidas para adaptações climáticas. A Colômbia integrou o grupo de nações que expressaram insatisfação com os rumos das negociações.
Conferência alternativa colombiana
Em resposta à ausência do tema na COP30, o governo colombiano anunciou a organização de uma conferência paralela, marcada para abril de 2025. O encontro terá como foco principal discutir estratégias para o fim do uso de petróleo, gás e carvão na matriz energética global.
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, comprometeu-se a levar um Mapa do Caminho vinculado aos combustíveis fósseis para esse encontro em território colombiano.
Posicionamento ambiental da Colômbia
A Colômbia tem se destacado como uma das vozes mais ativas na defesa do fim dos combustíveis fósseis. Durante a COP30, a ministra do Meio Ambiente, Irene Vélez Torres, anunciou que o país será a primeira nação a transformar toda a Amazônia sob sua jurisdição em área livre de exploração de minério e petróleo.
Além disso, o governo colombiano declarou que converterá todo o espaço de floresta em uma reserva de "recursos renováveis". A declaração da ministra teve como objetivo incentivar que os outros sete países que integram a região amazônica avancem com medidas similares de preservação.
A ministra Vélez Torres também se posicionou contra a versão final do texto da COP30, afirmando que "a Colômbia não aceitará um texto que nega a ciência, impede o cumprimento da meta de 1,5°C e dá as costas para as comunidades e a vida".
Contraste com o Brasil
Enquanto a Colômbia avança em sua agenda ambiental, o Brasil tem enfrentado críticas pela autorização concedida à Petrobras para explorar petróleo na Margem Equatorial. No dia 20 de outubro, o Ibama emitiu licença que autoriza a estatal a pesquisar a viabilidade de exploração de petróleo a 500 km da Foz do rio Amazonas, na divisa entre Amapá e Pará.
Esta posição coloca os dois países sul-americanos em lados opostos quanto às políticas energéticas e ambientais, evidenciando as diferentes estratégias de desenvolvimento adotadas pelos governos da região.