O condado de Malipo, localizado na montanhosa província de Yunnan, na China, transformou sua tradição milenar do cultivo de chá em uma poderosa ferramenta de diplomacia ambiental durante a COP30, conferência climática realizada em Belém.
Da tradição local à vitrine global
Durante o evento de abertura do Pavilhão da China na COP30, Xiao Changju, líder local de Malipo, apresentou o caso emblemático de como o condado está convertendo suas antigas árvores de chá em pilares de revitalização rural e diplomacia verde. A região, que faz fronteira com o Vietnã e era uma das mais pobres de Yunnan, tornou-se vitrine de superação.
No encontro, foi divulgado o relatório "Montanhas Verdes e Águas Cristalinas Pintam um Belo Quadro: A Inovação da China e a Importância Global na Construção da Civilização Ecológica". O documento reforça a tese central do discurso ambiental chinês de que "montanhas verdes e águas cristalinas são ativos inestimáveis".
O chá que conquista o mundo
Desde 2023, Malipo realiza o Festival Internacional do Chá da Primavera de Laoshan, que transformou o produto em uma espécie de "chá da amizade". A bebida já foi enviada para países como França, Emirados Árabes Unidos e Brasil, ganhando ainda mais visibilidade em maio deste ano quando foi apresentada na sede das Nações Unidas em Nova York.
O condado é conhecido por suas árvores de chá com mais de mil anos de idade. A estratégia envolve desde o manejo ecológico dessas árvores ancestrais até a proteção das montanhas e o incentivo a cadeias produtivas de baixo carbono.
Diplomacia e desenvolvimento sustentável
O caso de Malipo é fruto direto da política de assistência diplomática chinesa. Desde 1992, o condado recebe apoio do Ministério das Relações Exteriores da China, que enxerga no cultivo do chá das árvores antigas um ativo estratégico para desenvolvimento local e projeção internacional.
Nos últimos anos, esse trabalho ganhou novo impulso com a entrada do Grupo Xinhua de Hong Kong, agência de notícias estatal oficial chinesa, responsável por apoiar Malipo em iniciativas de modernização tecnológica, construção de marca, ampliação da cadeia produtiva e promoção cultural.
Para o governo chinês, a união de diplomacia, economia verde e revitalização rural compõe a base da chamada "civilização ecológica", conceito que o país tem repetidamente levado a fóruns multilaterais e que ganhou espaço de protagonismo na COP30.
A delegação chinesa presente na COP30 foi formada por autoridades da província de Yunnan, incluindo Zhao Zijie, vice-diretor do Departamento Provincial de Ecologia e Meio Ambiente, além de representantes das áreas de educação ambiental, cooperação internacional, gestão local e cultura do chá.