Após 15 anos, assentamento Capão das Antas é oficializado em São Carlos
Assentamento Capão das Antas é oficializado em São Carlos

O Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, assinou neste sábado, 6 de dezembro, o ato que oficializa a criação do assentamento rural Capão das Antas, localizado no município de São Carlos, no interior de São Paulo. A cerimônia marcou o fim de uma espera que se estendia por mais de 15 anos e que garantirá a segurança jurídica para cerca de 150 famílias que vivem na área.

Uma longa jornada de espera e resistência

A regularização fundiária da área, parte da qual pertence à prefeitura municipal, era um processo aguardado há mais de uma década e meia. Durante todo esse período, as famílias conviveram com a incerteza e o medo de despejos por meio de ações de reintegração de posse. A situação chegou a um ponto crítico em 2019, quando o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou a considerar a região como área de preservação ambiental.

O acordo que pavimentou o caminho para a oficialização foi firmado entre a prefeitura de São Carlos e o Incra ainda em outubro. A superintendente regional do Incra em São Paulo, Sabrina Diniz, informou que a seleção das famílias que serão oficialmente assentadas deve começar em janeiro de 2026. A partir dessa etapa, os beneficiados receberão contratos de concessão de uso da terra e terão acesso a créditos e benefícios do governo federal.

O sonho de uma vida no campo realizado

A oficialização representa a colheita de uma luta persistente para moradores como Marli Mariano, presidente do assentamento. Há 16 anos, ela deixou Sinop, no Mato Grosso, para iniciar uma vida de plantio e resistência em São Carlos. "É muita alegria, muita felicidade você poder respirar o ar puro, você falar: 'Eu consigo plantar, eu tô plantando'... É um sonho mesmo, meu sonho. Hoje eu tô realizando", comemorou Marli, que vive da criação de galinhas e do cultivo de hortas.

O sentimento é compartilhado por outras famílias que já construíram suas histórias no local. Eder Pereira e Camila Fernandes Fontes Pereira moram no Capão das Antas há oito anos. Para eles, a data de 6 de dezembro se tornou um marco. "Hoje significa tudo, né? É uma terra que acolheu a minha família", disse Eder, destacando também a importância de criar os filhos no campo. Camila complementa: "Aqui eles correm, sobem na árvore, então tem a liberdade total. Hoje para mim significa tudo, criar meus filhos no meio do mato".

Perspectivas de futuro: agroecologia e desenvolvimento

Durante o anúncio, o ministro Paulo Teixeira destacou que as famílias cadastradas e selecionadas terão acesso a crédito habitacional. Ele também apontou uma direção sustentável para o desenvolvimento do assentamento. "Algumas famílias já produzem alimentos aqui e vendem na cidade. Nós queremos que a Universidade de São Carlos, que conhece muito agroecologia, possa orientar esse assentamento no sentido de ser um assentamento exemplar do ponto de vista ambiental e de produção de alimentos agroecológicos", afirmou Teixeira.

Com a segurança da posse da terra, o Capão das Antas se prepara para virar uma página de insegurança e escrever novos capítulos. Para Camila, que tem uma filha de apenas três meses, Emily, o desejo é que a história da família continue enraizada ali. "Espero que meus filhos criem seus filhos aqui também, quero que more tudo perto da gente, tudo aqui na terra", finalizou, simbolizando a esperança de um futuro estável para as novas gerações do assentamento.