Nesta segunda-feira (17), durante a Conferência do Clima da ONU (COP30), o governo federal fez um anúncio histórico para os povos originários do Brasil. O Ministério dos Povos Indígenas confirmou a oficialização da demarcação de dez novas terras indígenas, atendendo a reivindicações antigas dessas comunidades.
Pressão indígena dentro e fora da COP30
O comunicado ocorreu em um contexto de intensa mobilização indígena durante a conferência climática. Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, revelou que o Ministério da Justiça já garantiu a assinatura das portarias declaratórias necessárias para o processo.
"É fundamental que nossas vozes sejam ouvidas aqui dentro", destacou a ministra, ressaltando que esta edição da COP registra a maior participação indígena da história, com aproximadamente 900 representantes de diferentes países e etnias.
Protestos antecedem anúncio oficial
Os arredores do centro de convenções da COP30 foram palco de diversos protestos nas últimas semanas. Indígenas e ativistas conseguiram acessar áreas restritas da conferência, resultando em confrontos com a segurança.
Um dos episódios mais significativos ocorreu quando integrantes do povo Munduruku — que será beneficiado com as novas demarcações — bloquearam por quase quatro horas a entrada principal do evento. Os manifestantes criticavam projetos governamentais que preveem o desvio de rios amazônicos para facilitar o escoamento agrícola.
O bloqueio só foi encerrado após a intervenção direta do presidente da cúpula, o diplomata André Corrêa do Lago, que se deslocou até o local para negociar com os manifestantes.
Impacto nas terras indígenas brasileiras
Com esta nova medida, amplia-se ainda mais o território destinado aos povos originários no país. De acordo com dados oficiais, as terras indígenas no Brasil somam atualmente 117,4 milhões de hectares, o equivalente a cerca de 13,8% de todo o território nacional.
O anúncio representa uma vitória significativa para os movimentos indígenas que há décadas lutam pelo reconhecimento de seus territórios tradicionais, especialmente em um momento crucial de discussões sobre mudanças climáticas e preservação ambiental.