Ex-candidato e aliado viram réus por forjar ameaças criminosas
A Justiça Eleitoral aceitou a denúncia contra o ex-candidato à Prefeitura de Itapetininga, Milton de Oliveira Júnior, do PL, e seu aliado político, Eliabe Venâncio. Os dois são acusados de forjar ameaças de facções criminosas durante a campanha eleitoral municipal de 2022.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) confirmou ao g1 que ambos agora são formalmente considerados réus no processo. As investigações começaram após a coligação "Coragem para Mudar" denunciar mensagens ameaçadoras nas redes sociais que sugeriam uma suposta trama criminosa para fraudar as eleições.
Provas digitais desmontam versão inicial
As investigações da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) revelaram contradições importantes na versão apresentada pelo ex-candidato. De acordo com o relatório policial, o número que enviou as mensagens ameaçadoras já estava salvo nos contatos de Milton Júnior antes mesmo da data em que ele alega ter recebido as ameaças.
As provas técnicas coletadas incluem:
- Conta de WhatsApp e chip vinculados aos e-mails pessoais dos investigados
- Autenticação de dois fatores ligada aos e-mails dos acusados
- Troca de mensagens entre os investigados e o número utilizado nas ameaças
- IPs rastreados localizados em endereços profissionais de Milton Jr.
O próprio Eliabe Venâncio confessou em depoimento que criou e entregou o aparelho celular utilizado para envio das mensagens a uma terceira pessoa ligada a Milton Júnior.
Esquema incluía compra de votos e identidades falsas
As investigações apontam que as conversas entre os acusados revelavam um plano mais amplo que incluía não apenas as ameaças falsas, mas também planejamento de compra de votos, manipulação de enquetes eleitorais e uso de identidades falsas para registrar o chip utilizado no esquema.
Segundo a DIG, há contradições significativas entre os depoimentos de Milton Júnior e os dados extraídos dos celulares, incluindo informações sobre acesso a contas bancárias e e-mails usados na operação.
Histórico de inelegibilidade e impacto político
O relatório da Polícia Civil destaca que Milton Júnior já havia sido condenado à inelegibilidade por oito anos pela Justiça Eleitoral por abuso de poder nas eleições de 2024. As autoridades consideram que o novo episódio reforça uma conduta reiterada de desvio de finalidade no uso da estrutura de campanha.
O documento recomenda cautela na concessão de benefícios penais, como acordos de não persecução, diante da gravidade do caso e do impacto institucional provocado pela tentativa de manipulação da opinião pública e do sistema eleitoral.
Defesas apresentam versões distintas
A defesa de Milton Júnior informou que aguarda a citação do réu, expedida no dia 19, para então promover a resposta à acusação. Em nota, afirmam: "Confiamos na Justiça e confiamos em sua absolvição sem nenhuma prova técnica nos autos".
Já a defesa de Eliabe Venâncio manifestou surpresa com a denúncia, argumentando que ele não constava como denunciado no relatório final da Polícia Civil. A nota alega que Eliabe foi vítima de abuso de autoridade durante as buscas e que sofreu interrogatório com violência psicológica, resultando em problemas de saúde mental atestados por médicos.
O caso continua sob análise da Justiça Eleitoral de Itapetininga, com expectativa de novos desdobramentos nas próximas semanas.