
Foi uma daquelas declarações que saem como um estouro e deixam todo mundo de cabelo em pé. Na tarde desta quinta, o governador Tarcísio de Freitas soltou a bomba — com o perdão do trocadilho — ao comentar a investigação sobre um suputado artefato explosivo encontrado numa estação de metrô da capital.
E não foi um comentário qualquer. Na verdade, ele praticamente jogou uma granada no colo da Polícia Federal. Disse, com todas as letras, que a PF não quis apurar o caso com a seriedade devida. Uma acusação grave, daquelas que ecoam nos corredores do poder.
Imagina a cena: o homem que comanda o estado mais populoso do país questionando publicamente a competência — ou a vontade — da principal força policial federal. Isso não é algo que se veja todo dia. Até porque, convenhamos, as relações entre estados e União já são naturalmente… bem, delicadas.
O Episódio que Acendeu o Pavio
Tudo começou com a tal ameaça. Um suposto pacote suspeito, aquela correria habitual, a estação evacuada. O protocolo de segurança seguido à risca. Até aí, tudo dentro do script de um dia tenso, mas controlável, no transporte público.
Mas aí a história tomou um rumo inesperado. A Polícia Civil de São Paulo, que pegou o caso nas primeiras horas, tratou o assunto com uma certa desconfiança. Investigou, olhou as imagens, fuçou os detalhes. E chegou a uma conclusão que, convenhamos, não é muito incomum nesses casos: indícios de que poderia ter sido uma armação. Simulada. Algo para causar pânico e caos sem realmente colocar uma bomba de verdade.
E é aí que a ficha começa a cair. Se foi mesmo uma simulação, quem teria interesse em parar o metrô e gerar esse clima de terror? A pergunta ficou no ar, ecoando.
A Batalha das Instituições
O governador, no entanto, não comprou a narrativa. Pelo contrário. Deu a entender que a coisa era muito mais séria e que a PF, que poderia ter entrado no caso por ser uma ameaça interestadual ou até terrorismo, deixou a peteca cair. Segundo ele, a Polícia Federal não moveu uma palha para investigar a fundo.
— Eles nem sequer vieram olhar — disparou Tarcísio, com um misto de incredulidade e frustração.
E isso, cá entre nós, é um prato cheio para a oposição. Não demorou nem cinco minutos para que adversários políticos começassem a especular: seria uma tentativa do governo estadual de criar um clima de instabilidade? De amplificar uma ameaça para parecer mais forte no combate ao crime? Perguntas incômodas que agora circulam nos gabinetes e redes sociais.
De um lado, um governador afirmando que a ameaça era real e foi negligenciada. De outro, investigações preliminares apontando para um possível blefe criminoso. E no meio, a população, que usa o metrô todo dia, sem saber muito bem em quem acreditar.
O Jogo Político por Trás do Pânico
Não é segredo para ninguém que Tarcísio e o governo Lula não são exatamente melhores amigos. A relação é mais gelada que sorvete de chuva. E quando um governador de oposição acusa um braço do governo federal de incompetência ou má-fé, o buraco é mais embaixo.
Alguns veem estratégia. Outros, apenas uma defesa legítima da segurança paulista. A verdade é que o timing e a forma como tudo foi dito levantam sobrancelhas. Será que era apenas sobre uma bomba? Ou também sobre quem manda na segurança de quem?
A PF, por sua vez, se manteve na dela. Até agora, silêncio total. Nada de notas, nada de esclarecimentos. O que, claro, só alimenta mais a fogueira. O que eles sabem? Por que não foram atrás? Perguntas que ainda vão render muita tinta e muito bytes pela frente.
Enquanto isso, os paulistanos seguem entrando e saindo das estações, olhando para os cantos com um pouco mais de desconfiança. Porque no fim das contas, independentemente de jogo político, a sensação de insegurança — real ou não — é que fica.
E isso, infelizmente, não tem quem investigue.