
E aí, o Planalto resolveu dar uma de João sem Braço. Pois é. Aquele silêncio ensurdecedor em torno da PEC da Blindagem — aquela que quer colocar o STF numa redoma de vidro — já está criando um climão dos infernos em Brasília.
Numa jogada que mistura cautela com um certo ar de provocação, a equipe do presidente Lula simplesmente se esquivou de dar qualquer sinal verde à proposta. E olha que a coisa veio com força total dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Traduzindo: o governo preferiu não comprar essa briga — pelo menos não agora. E deixou o Congresso literalmente falando sozinho.
Mas o que raios essa PEC propõe?
Resumindo de forma crua: a ideia é dificultar — e muito — a abertura de processos criminais contra ministros do Supremo. Querem elevar a autoridade deles a um patamar quase intocável, algo que, na prática, os deixaria blindados contra investigações.
Parece coisa de quem já prevê tempestade à vista, não?
E não para por aí. A proposta também mexe em outro vespeiro: transfere para o STF a competência de processar e julgar advogados-gerais da União. Ou seja, concentra ainda mais poder nas mãos da corte.
E o governo? Quietinho, fazendo paisagem.
Fontes próximas ao Planalto soltaram uns pingados de que a avaliação interna é de que a proposta “merece estudo” — aquele clássico jeitinho brasileiro de empurrar com a barriga.
Tradução livre: “não vamos nos queimar por vocês”.
E tem mais: há um mal-estar generalizado com o timing da coisa. Lá no governo, a sensação é que o Congresso tentou passar a boiada num momento de fragilidade do Judiciário — e ainda esperava que o Executivo carimbasse a jogada.
Ingenuidade ou pura estratégia falha?
O pano de fundo: a guerra silenciosa entre os Poderes
Quem acompanha o noticiário político sabe que a relação entre Supremo e Congresso não está exatamente um mar de rosas. Pelo contrário: é uma corda bamba constantemente esticada.
De um lado, o Legislativo se sente asfixiado por decisões judiciais que, segundo eles, invadem sua competência. Do outro, o Judiciário alega precisar de ferramentas para agir com independência — sem medo de retaliação.
E no meio disso tudo, o Planalto faz malabarismos. Tenta não criar atrito com nenhum dos lados, mas acaba, muitas vezes, parecendo omisso — ou pior: oportunista.
Desta vez, a escolha foi clara: não entrar nessa fria. Deixar que Congresso e STF se entendam — ou não.
E aí, o resultado você já pode imaginar: um impasse que cheira a novo capítulo de uma crise que ninguém sabe quando — ou como — vai terminar.
Enquanto isso, Brasília segue seu script habitual: muita tensão, discursos inflamados e zero consenso à vista. E o país? Esse fica só olhando.