
Eis que a máquina judicial italiana mostrou mais uma vez sua mão pesada. Num daqueles veredictos que ecoam pelos corredores do poder, a deputada federal Carla Zambelli segue encarcerada - e a situação, ao que tudo indica, vai permanecer assim por um bom tempo.
O Tribunal de Cassação, instância máxima da Justiça italiana, simplesmente chutou para escanteio o recurso apresentado pela defesa da parlamentar. Não deu nem margem para discussão. A decisão foi seca, direta ao ponto, como costumam ser os fallos dos magistrados da Península.
O que levou a essa situação?
Pois é, a história é mais complexa do que parece. Zambelli estava na Itália - pasmem - para um evento sobre segurança pública quando a casa caiu. Literalmente. A Polícia italiana, sempre eficiente em suas operações, deteve a deputada em pleno território europeu.
O motivo? Um pedido de prisão preventiva que vinha direto do Brasil, emitido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A acusação: posse ilegal de arma de fogo. Aquele caso antigo, sabe como é, que ressurge quando menos se espera.
E agora, José?
A defesa da deputada, claro, não ficou parada. Movimentou-se, apresentou recursos, tentou de tudo - mas a Justiça italiana mostrou-se irredutível. O que me faz pensar: será que o fato do Brasil e a Itália não compartilharem um tratado de extradição pesou na decisão?
Parece que sim. Na falta desse acordo bilateral, os italianos optaram por seguir o protocolo padrão: mantê-la presa enquanto analisam o pedido brasileiro. E, convenhamos, a burocracia europeia não é exatamente conhecida por sua agilidade.
O caso tem tudo para se arrastar por meses. Talvez anos. Enquanto isso, Zambelli experimenta na pele o sistema carcerário italiano - que, diga-se de passagem, não é nenhum hotel cinco estrelas.
E o Itamaraty?
Boa pergunta. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro confirmou que está acompanhando o caso, mas até agora pouco pode fazer. São águas internacionais, território complicado para intervenções diretas.
O consulado em Roma presta assistência consular, como manda o figurino, mas as opções são limitadas. É como tentar apagar um incêndio com copo d'água - esforço nobre, mas de eficácia duvidosa.
Enquanto isso, nas redes sociais, a polarização habitual. De um lado, os que comemoram a permanência da deputada na prisão. Do outro, os que veem perseguição política. O meio-termo? Esse parece ter sido extinto da política brasileira.
O certo é que Zambelli, pelo menos por enquanto, trocou o plenário da Câmara por uma cela italiana. E dessa vez, não parece haver volta tão cedo.