
O clima nos bastidores não está nada fácil, pra ser sincero. A conversa foi privada, mas o teor dela escorre pra fora dos grupos como um vazamento que não pode ser contido.
Eduardo Rodrigues, numa daquelas ligações que misturam aconselhamento e realidade nua e crua, foi categórico ao se dirigir a Jair Bolsonaro. A mensagem, carregada de um pragmatismo que beira o brutal, era simples: o tal Plano Família, idealizado pelo governador paulista Tarcísio de Freitas, não vai pra frente. Ponto final.
Não é uma questão de mérito, talvez nem de ideologia – é pura matemática política, daquelas que se faz nos corredores com voz baixa e calculista. Eduardo deixou claro que a Frente Parlamentar simplesmente não compraria a ideia. Não havia apoio, não havia vontade política, não havia… como dizer… ninguém disposto a colocar a mão no fogo por aquela proposta.
O cerne da questão: um projeto sem pais nem mães
O que fica evidente, pra qualquer um que entenda um pouquinho do jogo, é a solidão da proposta. Um projeto sem uma base de sustentação é como um barco furado no meio de um temporal legislativo – vai afundar rápido, sem fazer muito alvoroço.
Eduardo não poupou palavras. Disse, na essência, que a Frente não é a solução para esse problema. Que o caminho não era aquele. Foi um balde de água fria estratégico, daqueles que serve justamente para evitar que se gaste energia à toa, correndo atrás de uma miragem.
E aí, é claro, isso joga uma luz fortíssima sobre os dilemas da base aliada. Mostra que a unidade é, muitas vezes, um palco. Nos bastidores, as vozes são dissonantes, os interesses são conflitantes e nem tudo que um aliado propõe é abraçado pelo outro. É cada um por si, e deus contra todos.
E o que isso significa na prática?
Significa que o plano de Tarcísio, pelo menos na forma como foi concebido e na janela política atual, está praticamente morto. Sem o aval da Frente, sem o apoio do núcleo duro bolsonarista, ele não tem pernas para andar. É mais um arquivo na gaveta de boas intenções que a realidade política engoliu.
O recado de Eduardo a Bolsonaro foi, no fundo, um ato de realismo. Um aviso para que não se iludam com cantos de sereia ou se percam em batalhas que já estão perdidas antes mesmo de começarem. Resta saber se a mensagem foi ouvida.