Relatório do PL Antifacção gera crise política na Câmara
O presidente nacional do PT, Edinho Silva, fez duras críticas ao relator do PL Antifacção na Câmara dos Deputados, Guilherme Derrite (PP-SP). O parlamentar petista classificou as mudanças propostas no relatório como "um verdadeiro PL da blindagem para os criminosos".
Medida polêmica condiciona atuação da PF
Apresentado nesta segunda-feira (10 de novembro de 2025), o relatório de Derrite inclui um dispositivo que gerou forte reação do governo Lula. A proposta condiciona a atuação da Polícia Federal em investigações contra facções criminosas à autorização prévia do Ministério da Justiça e dos governos estaduais.
Edinho Silva argumentou que esta medida enfraquece significativamente a PF no combate ao crime organizado. "Todo mundo sabe que o crime não conhece divisas ou fronteiras", declarou o presidente do PT, destacando a necessidade de troca de informações entre as forças de segurança.
Escolha de relator é considerada desrespeito
O presidente petista também criticou a escolha de Derrite como relator do projeto, feita pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). Edinho afirmou manter boa relação com Motta, mas considerou a indicação de "um representante da ultra direita de inspiração fascista" como desrespeito aos parlamentares da Casa.
O projeto, de autoria do governo Lula, foi elaborado para endurecer o combate ao crime organizado no país. Ganhou urgência após a megaoperação policial contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortos.
Entre as principais medidas originais do texto governamental estão:
- Aumento das penas para envolvidos com facções criminosas
- Criação de mecanismos para asfixiar financeiramente os grupos criminosos
- Fortalecimento da atuação integrada das polícias
O impasse sobre o relatório de Derrite promete acirrar os ânimos no Congresso, com o governo defendendo maior autonomia para a Polícia Federal e a oposição buscando maior controle sobre suas operações.