A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga supostas irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tomou uma decisão importante nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025. Os parlamentares rejeitaram, por 19 votos contra 12, o pedido para convocar Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como "Lulinha".
O Requerimento e as Acusações
O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado Marcel van Hattem, do Novo do Rio Grande do Sul. Em seu requerimento, o parlamentar fez uma série de acusações que ligavam um ex-contador de Lulinha ao escândalo batizado de "Farra do INSS".
Van Hattem citou uma reportagem do portal Metrópoles para embasar seu pedido. Segundo a publicação, o coordenador de tecnologia da informação do PT, Ricardo Bimbo, que teria sido contador de Lulinha no passado, estaria sendo investigado pela Operação Fim da Linha, do Ministério Público de São Paulo, sob suspeita de lavagem de dinheiro para a facção criminosa PCC.
Os Dados Financeiros Apresentados
As alegações do deputado se baseavam em movimentações financeiras de grande vulto. De acordo com as informações, Ricardo Bimbo teria recebido R$ 120 mil em sua conta pessoal. Além disso, sua empresa, a Datacore da ADS Soluções e Marketing, teria movimentado R$ 8,29 milhões.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que a empresa de Bimbo movimentou dezenas de milhões de reais originários de entidades envolvidas no escândalo do INSS. No mesmo período dessas transações milionárias, Bimbo teria feito um pagamento específico: um boleto no valor de R$ 10.354,60 para o contador João Muniz Leite.
O ponto crucial da acusação é que João Muniz Leite era, na época, o profissional responsável pelas contas de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. Essa conexão financeira foi o principal argumento usado por Van Hattem para justificar a necessidade de ouvir o filho do ex-presidente na CPMI.
A Decisão da Comissão e seus Desdobramentos
Apesar das alegações, a maioria dos membros da comissão entendeu que não havia elementos suficientes para justificar a convocação de Lulinha no momento. A votação, que definiu a rejeição do requerimento, ocorreu no plenário da Câmara dos Deputados e reflete a divisão política dentro da CPMI.
A rejeição do pedido não encerra as investigações da CPMI do INSS, que continuam apurando as denúncias de desvios e irregularidades na Previdência Social. No entanto, afasta, por ora, um dos capítulos que mais gerava expectativa e tensão política, por envolver um familiar direto do atual presidente da República.
A decisão desta quinta-feira demonstra os limites da investigação parlamentar e o embate partidário que cerca os trabalhos da comissão. Enquanto a oposição vê na rejeição uma tentativa de blindagem, a base governista defende que a convocação era infundada e baseada em suposições sem provas concretas.