Senador alerta: projeto antifacção não pode asfixiar Polícia Federal
Coronel defende orçamento da PF em projeto antifacção

O senador Angelo Coronel (PSD-BA), membro da Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado, declarou que o Senado analisará com atenção o projeto antifacção aprovado na Câmara dos Deputados, mas fez um alerta importante: não aceitará mudanças que reduzam o poder ou orçamento da Polícia Federal.

Defesa intransigente da Polícia Federal

Em entrevista ao programa Ponto de Vista, da revista VEJA, o parlamentar foi enfático ao afirmar que "não podemos, em hipótese alguma, asfixiar a Polícia Federal brasileira". Coronel descreveu a PF como uma "polícia de Estado", destacando sua neutralidade e capacidade de conduzir grandes operações sem interferência política.

Segundo o senador, essa característica diferencia a corporação das polícias estaduais, que estariam mais suscetíveis a pressões locais. Embora ainda não tenha estudado integralmente o texto aprovado na Câmara - que teve como relator o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) -, Coronel defende que qualquer ajuste no Senado deve preservar o protagonismo e os recursos da PF no combate às facções criminosas.

Recursos e a questão municipal

Um dos pontos abordados pelo senador foi a distribuição de recursos provenientes de operações de segurança. Coronel criticou a exclusão dos municípios nesta divisão e defendeu que as guardas municipais - que, na prática, já atuam como polícias locais - precisam receber parte do financiamento.

"O crime não está só nas capitais. Está nas cidades pequenas, onde a operação da PF é mais difícil. Essas polícias também precisam de um quinhão", argumentou o parlamentar. No entanto, ele foi claro ao reforçar que ampliar recursos para estados e municípios não pode significar retirar verbas da Polícia Federal.

Estrutura como pilar do combate ao crime

Coronel fundamentou sua posição na necessidade de manter a eficiência no combate ao crime organizado. Para ele, o sucesso desta luta depende diretamente de estrutura, inteligência e estabilidade institucional - elementos que, segundo sua avaliação, seriam comprometidos com cortes orçamentários.

"O combate ao crime organizado passa por estrutura, inteligência e estabilidade institucional. Nada disso combina com cortes", afirmou o senador durante a entrevista concedida em 26 de novembro de 2025.

A declaração do integrante da CPI do Crime Organizado chega em um momento crucial, quando o Congresso Nacional discute medidas para enfrentar as facções criminosas que atuam em território brasileiro, incluindo o PCC e o Comando Vermelho.