Os parlamentares que integram a bancada negra no Congresso Nacional estão se mobilizando em uma estratégia de pressão para garantir a votação da PEC da Reparação ainda em 2025. O objetivo é convencer o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, a colocar a proposta em pauta no plenário da Casa.
Comissão especial dá aval ao projeto
O caminho para a votação em plenário ficou mais claro após a aprovação do texto pela comissão especial nesta quarta-feira, 4 de dezembro de 2025. A sessão contou com a presença marcante da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que acompanhou de perto os debates e a decisão final.
A proposta central da PEC é a criação do Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial. Este fundo terá a missão de financiar políticas públicas específicas voltadas para a população negra no Brasil, um marco na busca por equidade e justiça social.
A resistência durante a votação na comissão foi isolada, vindo do deputado Hélio Lopes. A ampla maioria, no entanto, entendeu a urgência e a importância da matéria, pavimentando o caminho para a etapa decisiva no plenário.
Estratégia de guerra para convencer Hugo Motta
Com o texto pronto para apreciação, a bancada negra não pretende perder tempo. Os parlamentares estão desenhando uma verdadeira estratégia de guerra parlamentar para assegurar que a PEC seja votada ainda neste ano legislativo.
Na linha de frente da ofensiva estará o deputado Damião Feliciano, atuando como principal porta-voz do grupo. Ele deve contar com o suporte estratégico de colegas como Josivaldo JP e Márcio Marinho, que já demonstraram habilidade na articulação que levou ao sucesso na comissão especial.
Segundo informações de interlocutores, o presidente Hugo Motta teria sinalizado, em conversas, que tem disposição para realizar a votação. No entanto, o parlamentar paraibano fez uma ponderação realista: a concretização do ato depende diretamente da conjuntura política do momento, que envolve negociações e prioridades da mesa diretora.
Contexto político e expectativas
A disposição de Motta em analisar a proposta é vista como alinhada à sua necessidade política de acumular agendas positivas e de impacto social. A PEC da Reparação, por seu caráter histórico e simbólico, representa exatamente esse tipo de pauta.
A pressão da bancada negra se intensifica na reta final do ano, buscando transformar o sinal verde inicial em uma data concreta na pauta do plenário. A criação do fundo é considerada uma demanda histórica de movimentos sociais e uma ferramenta crucial para enfrentar as desigualdades raciais estruturais no país.
O desfecho desta mobilização será um termômetro importante do compromisso do Congresso com as políticas de igualdade racial e definirá um legado significativo para a atual legislatura. Todos os olhos estão agora voltados para a articulação entre a bancada negra e a presidência da Câmara.