O cenário político de Minas Gerais para as eleições de 2026 começa a se desenhar sob um sentimento claro do eleitorado: o desejo de mudança, mas temperado por uma forte demanda por responsabilidade e capacidade de diálogo. Essa é a principal conclusão de quem tem conduzido pesquisas qualitativas no estado, após dois mandatos do governador Romeu Zema, do Novo.
O legado Zema e a abertura para uma nova narrativa
Romeu Zema cumpre atualmente seu segundo mandato à frente do Palácio Tiradentes, reelegendo-se com uma estratégia de comunicação focada no interior do estado. Segundo Leandro Grôppo, marqueteiro que comandou as duas campanhas vitoriosas do governador, cerca de 70% do eleitorado mineiro está fora das regiões metropolitanas. Foi para esse público que a mensagem de Zema foi prioritariamente direcionada, garantindo sua vitória e reeleição.
Grôppo avalia que, para a próxima disputa, o campo está aberto. “O cenário está ‘aberto’ e ‘sem lideranças’ claramente consolidadas”, afirma o profissional. Ele destaca que um candidato que consiga replicar a eficácia na comunicação com o interior, mas apresentando uma narrativa diferenciada, tem grandes chances de surpreender em 2026.
Mudança, sim, mas com maturidade política
As pesquisas qualitativas, que buscam entender as motivações e anseios mais profundos dos votantes, vão além do simples cansaço com o atual governo. Os eleitores mineiros não expressam um desejo de ruptura radical ou de experimentos sem lastro. Pelo contrário, a palavra “mudança” aparece atrelada a conceitos como “responsabilidade” na gestão pública e “diálogo” para construir consensos.
Esse perfil sugere um eleitorado maduro, que valoriza a estabilidade e a seriedade, mesmo ao buscar uma renovação no comando do estado. A experiência dos últimos anos parece ter criado uma expectativa por um equilíbrio entre novas ideias e prudência administrativa.
Os desafios para os pré-candidatos
O caminho para sucessão em Minas Gerais, portanto, não será simples. Não basta se opor ao atual governo; é necessário apresentar um projeto convincente que atenda a essa complexa demanda popular. Os potenciais candidatos precisarão:
- Construir uma conexão autêntica com o eleitor do interior, que é majoritário.
- Elaborar uma narrativa clara de mudança que transmita segurança e competência.
- Demonstrar habilidade para o diálogo e para construir pontes, superando polarizações.
Com a eleição marcada para outubro de 2026, os movimentos começam a ganhar forma. O que as pesquisas qualitativas já deixam claro é que o eleitor mineiro sabe o que quer: uma nova página na política estadual, escrita com letra firme e responsável.