
Quem vê o vereador Niltinho hoje, com seu jeito despojado e discurso firme, mal imagina o caminho tortuoso que percorreu até chegar aqui. A vida, sabe como é, prega peças — e no caso dele, foram peças que moldaram um político atípico, de origem humilde e uma história que parece saída de roteiro de cinema.
Nascido e criado na periferia de Salvador, sua infância foi tudo menos fácil. Aos oito anos, já ajudava a família catando latinhas nas ruas quentes da capital baiana. "Aquela época me ensinou mais sobre dignidade do que qualquer livro", confessa ele, com uma voz que carrega o peso das memórias. As ruas eram sua sala de aula — e que professor mais rigoroso que a necessidade?
Os Primeiros Passos Rumo à Mudança
O que poderia ter sido apenas mais uma história de dificuldades transformou-se em algo maior quando, ainda adolescente, Niltinho começou a se envolver com movimentos comunitários. Algo nele fervia — uma vontade de mudar não só sua realidade, mas a de todos ao seu redor. E foi assim, quase sem perceber, que a política entrou em cena.
Seu primeiro cargo? Nem imagina. Foi como líder de associação de bairro, articulando melhorias básicas que para muitos eram invisíveis: água encanada, iluminação pública, coleta de lixo. Coisas simples, mas que fazem toda a diferença para quem vive na pele a falta delas.
A Virada na Carreira Pública
O salto para a vereança não foi um passo, mas sim um turbilhão de eventos. Em 2020, conquistou uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador — e olha, não foi por acaso. Sua campanha, orgânica e enraizada nas comunidades, ecoou como um grito por representatividade genuína.
Desde então, tornou-se uma voz ativa em causas sociais, especialmente aquelas relacionadas à infância e à juventude. Afinal, quem melhor para entender essas dores do que alguém que as viveu na pele? Suas propostas frequentemente misturam pragmatismo político com uma empatia rara no cenário atual.
Os Desafios que Ainda Persistem
Mas nem tudo são flores — longe disso. Niltinho enfrenta resistências, claro. Seu estilo direto e às vezes desconcertante não agrada a todos os colegas de parlamento. Há quem diga que ele "não segue o protocolo", como se protocolo alimentasse crianças famintas ou consertasse esgotos entupidos.
Mesmo assim, persiste. Seu escritório está sempre aberto aos moradores, um reflexo de suas origens que teima em não abandonar. "Política sem povo é só teatro vazio", ele costuma dizer, entre um cafezinho e outro.
O futuro? Imprevisível como sua trajetória. Rumores sobre possíveis candidaturas a cargos maiores circulam, mas Niltinho parece mais focado no presente — naquilo que pode mudar agora, hoje, sem perder-se em devaneios distantes.
Uma coisa é certa: sua história redefine o que significa "fazer política" na Bahia. E, convenhamos, era sobre isso que precisávamos falar.