Criciúma 100 Anos: A Saga de Wadi e Milack que Moldou o Carvão e o Futebol da Cidade
Criciúma 100 anos: Saga dos irmãos Saccardo

Que cidade é feita apenas de concreto e asfalto? Absolutamente não. Criciúma, que completa seu centenário, tem alicerces muito mais sólidos - e interessantes, diga-se de passagem. A história dessa terra catarinense é entrelaçada com a trajetória de dois irmãos que, de certa forma, pareciam ter vindo direto de um roteiro de cinema.

Wadi e Milack Saccardo. Soam como nomes de personagens épicos, não? Pois é exatamente isso que foram. Chegaram da Itália ainda jovens, com aquela mistura típica de coragem e incerteza que tantos imigrantes carregavam na bagagem. Mas tinham algo a mais: uma visão que poucos conseguiam enxergar naquelas terras do sul catarinense.

Do Subsolo ao Coração da Cidade

O carvão mineral. Na época, muita gente via apenas uma rocha preta. Wadi e Milack? Enxergavam o futuro. E não era qualquer futuro - era a possibilidade concreta de transformar economicamente toda uma região. Fundaram a Empresa Carbonífera Sul Catarinense nos anos 1940, e cá entre nós, foi como acender um pavio que iluminaria o desenvolvimento industrial da cidade.

Mas sabe o que é mais fascinante? Eles entenderam, talvez intuitivamente, que desenvolvimento econômico sem desenvolvimento social é como um carro sem combustível. Pode ter motor potente, mas não vai sair do lugar.

E Então Veio o Tigre

1947. O Brasil ainda se recuperava da Segunda Guerra, mas em Criciúma, nascia uma paixão que queimaria mais que carvão. Wadi Saccardo, com aquela ousadia típica de quem já havia enfrentado tantos desafios, fundou o Esporte Clube Criciúma. Não era apenas mais um time de futebol - era a materialização de um sonho coletivo.

O clube nasceu praticamente no quintal da casa dele, na Rua Domênico Saccardo. Parece coisa de lenda, mas é pura verdade histórica. E Milack? Não ficou atrás - assumiu a presidência do clube entre 1951 e 1952, mostrando que o compromisso com a cidade ia além dos negócios.

Um Legado que Resistiu ao Tempo

O mais impressionante, quando paramos para pensar, é como essas duas paixões - carvão e futebol - se entrelaçaram de forma tão orgânica. A carbonífera gerava recursos que sustentavam famílias, que por sua vez formariam a base social do clube. Era um ecossistema quase perfeito de desenvolvimento.

Wadi faleceu em 1971, Milack em 2001. Mas o que construíram? Ah, isso permanece mais vivo do que nunca. O Tigre não é apenas um time - é parte da identidade criciumense. E a indústria carbonífera, apesar de todas as transformações, deixou marcas profundas no DNA econômico da região.

Curioso, não? Como duas paixões aparentemente distintas - negócios e esporte - podem se complementar de forma tão harmoniosa. Wadi e Milack pareciam entender isso naturalmente. Talvez soubessem, no fundo, que cidades são feitas de sonhos concretizados. E caramba, como concretizaram!

O centenário de Criciúma ganha sabores especiais quando relembramos essas histórias. Não são apenas datas e nomes em livros - são as fundações sobre as quais uma cidade inteira se construiu. E que fundações!