
Que frio na espinha, hein? Quando a ficção resolve dar as mãos com a história real, o resultado pode ser daqueles que ficam martelando na nossa cabeça por dias. E é exatamente isso que Bruno Gagliasso está prestes a nos proporcionar.
O ator — você sabe, aquele que sempre entrega cada fio de cabelo do personagem — aceitou um daqueles papéis que mudam um profissional. Não é qualquer coisinha, não. Ele vai dar vida a Honestino Guimarães, sabe quem foi? Um líder estudantil que simplesmente desapareceu do mapa durante os anos de chumbo da Ditadura Militar. Em 1973. Sumiu. E até hoje... bem, até hoje a família busca respostas.
Quem foi Honestino Guimarães?
Pensa num jovem cheio de ideais. Honestino tinha apenas 26 anos — a idade de muitos de nós ainda tentando descobrir a vida — quando foi preso pelo DOPS. O Departamento de Ordem Política e Social, aquela instituição tenebrosa da época. Estudava geologia na Universidade de Brasília e era presidente do grêmio. Mas seu crime? Questionar. Pensar diferente. Lutar por um país mais justo.
O pior é que essa não foi a primeira vez que ele enfrentou a repressão. Em 1968, já tinha sido detido durante o famoso — e triste — Congresso de Ibiúna. Parece que o destino dele sempre esteve entrelaçado com os momentos mais sombrios da nossa história recente.
O mergulho de Bruno no personagem
E como será que um ator se prepara para algo assim? Bruno não está brincando de serviço. Ele mergulhou de cabeça na pesquisa, conversou com familiares, estudou documentos da época. Queria capturar não só a aparência, mas a essência daquele jovem que sonhava com mudanças.
"É uma responsabilidade enorme", confessou o ator em algum momento. E como não seria? Representar alguém que realmente existiu, que sofreu na pele a brutalidade do regime... não é como decorar um texto qualquer. É carregar nas costas a memória de uma pessoa de verdade.
Por que essa história ainda importa?
Você já parou pra pensar quantos Honestinos existiram por aí? Quantos jovens promissores tiveram seus futuros interrompidos pela violência de estado? Essa série — ainda sem título divulgado — chega como um soco no estômago, mas também como um lembrete necessário.
Num Brasil que ainda debate seus fantasmas autoritários, conhecer essas histórias é quase um ato de resistência. A memória é curiosa — às vezes dói, mas sempre ensina.
E sabe o que é mais revoltante? Honestino só teve sua morte reconhecida oficialmente em 1996. Vinte e três anos depois de sumir. Sua filha, na época com apenas 4 anos, cresceu sem o pai. A mãe, Dona Maria, nunca mais reencontrou o filho.
O que esperar da produção
As gravações estão a todo vapor pelo Rio de Janeiro, com previsão de chegar às telas ainda este ano. A expectativa é que a série não mostre apenas o drama individual, mas todo o contexto da época — a efervescência política, o medo, a coragem de quem ousava discordar.
Bruno Gagliasso, entre uma cena e outra, parece ter entendido a dimensão do que está fazendo. Não é sobre entretenimento puro e simples — é sobre não deixar que essas histórias caiam no esquecimento.
E aí, preparado para esse baque histórico? Porque algumas verdades, mesmo dolorosas, precisam ser contadas. Principalmente quando há tantos que ainda insistem em dizer que "no tempo da ditadura é que era bom". Honestino, com certeza, discordaria.