Chanceler ucraniano rejeita apaziguamento e cita Alemanha nazista em discurso
Ucrânia quer 'paz real', não apaziguamento, diz chanceler

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, fez uma declaração contundente nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, durante uma reunião internacional. Ele afirmou que seu país busca uma paz real e duradoura com a Rússia, mas rejeitou veementemente qualquer política de apaziguamento que implique em concessões territoriais forçadas.

Paralelo histórico com o Acordo de Munique

Em seu discurso na reunião anual do Conselho Ministerial da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Viena, Sybiha traçou um paralelo histórico direto. Ele citou o Acordo de Munique de 1938, quando potências europeias cederam à Alemanha nazista de Adolf Hitler a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, na esperança vã de evitar uma guerra maior.

"Ainda lembramos os nomes daqueles que traíram as futuras gerações em Munique. Isso não pode se repetir", declarou o chanceler. "Precisamos de paz verdadeira, não de apaziguamento." A crítica foi entendida como uma referência indireta a pressões recentes, inclusive de parte dos Estados Unidos, para que a Ucrânia aceite ceder territórios ocupados pela Rússia como preço para encerrar o conflito.

Negociações em um cenário de incerteza

A firme posição ucraniana foi anunciada em um momento de impasse nas negociações. Na véspera, na quarta-feira, 3 de dezembro, o presidente americano, Donald Trump, havia avaliado que o caminho para um acordo de paz "permanece incerto". Ele fez o comentário apesar de considerar "razoavelmente boas" as conversas mantidas por seus enviados especiais, Steve Witkoff e Jared Kushner, com o líder russo, Vladimir Putin.

Do lado ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky informou que sua equipe prepara novos encontros diplomáticos em Washington. As agendas incluem uma reunião marcada para a própria quinta-feira, 4, na cidade de Miami, dando continuidade aos diálogos.

OSCE em paralisia e o bloqueio de consensos

A OSCE, organização que serviu como ponte crucial entre o Leste e o Oeste durante a Guerra Fria, enfrenta hoje sérias dificuldades para atuar. A entidade vive um período de paralisia funcional, agravada por disputas políticas internas.

Por anos, Moscou foi acusada de bloquear resoluções importantes, alegando que a OSCE estaria dominada pelos interesses ocidentais. No entanto, um novo obstáculo surgiu: segundo diplomatas presentes, agora são os Estados Unidos que travam os consensos. Washington exige cortes de custos e reformas administrativas profundas antes de aprovar o novo orçamento do grupo, complicando ainda mais o cenário para mediações.

Sybiha, em meio a este contexto complexo, agradeceu aos Estados Unidos por liderarem os esforços diplomáticos, mas foi categórico ao reiterar a posição de Kiev. Ele prometeu que a Ucrânia "aproveitará todas as oportunidades para tentar pôr fim à guerra", mas deixou claro que não aceitará um acordo considerado injusto ou desequilibrado, argumentando que acordos assim apenas adiam tragédias, como demonstrou a história.