Trump oferece 15 anos de segurança à Ucrânia; Zelensky quer 50 anos
Trump oferece 15 anos de segurança militar à Ucrânia

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmaram estar próximos de um acordo para encerrar a guerra com a Rússia, mas revelaram pontos de divergência que ainda precisam ser superados. O anúncio foi feito após um encontro entre os dois líderes no domingo (28), na Flórida, nos Estados Unidos.

Garantia de segurança: 15 anos ou 50?

Em entrevista coletiva virtual realizada nesta segunda-feira (29), Zelensky deu detalhes sobre a proposta norte-americana. Donald Trump ofereceu garantias de segurança à Ucrânia por um período de 15 anos. Esse tipo de compromisso funcionaria de forma similar à proteção dada aos membros da Otan, significando que, em caso de uma nova invasão, EUA e Europa enviariam tropas para defender o território ucraniano.

No entanto, o líder ucraniano disse ter pedido um prazo muito mais longo ao presidente americano. "Eu realmente queria que as garantias fossem mais longas. Eu disse a ele que realmente queremos considerar a possibilidade de 30, 40, 50 anos", afirmou Zelensky. Segundo ele, Trump respondeu que pensaria na possibilidade, mas o governo de Washington não se posicionou oficialmente sobre o pedido. A proposta inicial dos EUA, no entanto, seria prorrogável.

Progresso e entraves nas negociações de paz

Durante o encontro em solo americano, ambos os presidentes expressaram otimismo, mas admitiram obstáculos. Trump declarou estar "muito perto" de fechar um plano de paz, reconhecendo, porém, a existência de "questões espinhosas" por resolver. Zelensky foi além e estimou que 90% do plano já está fechado.

O principal impasse continua sendo o status das regiões de Donbass, no leste da Ucrânia, e da Crimeia. A proposta americana, que ainda será formalmente apresentada a Kiev, prevê que as áreas do Donbass atualmente controladas por tropas russas seriam "reconhecidas de fato como russas", inclusive pelos Estados Unidos. A mesma categoria se aplicaria à Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Zelensky evitou responder diretamente a perguntas sobre concessões territoriais, afirmando ser uma questão difícil e lembrando que se trata da "terra de nossa nação". Ele agradeceu a mediação de Trump, enquanto o presidente americano afirmou que as negociações são difíceis, mas estão avançando, e que um acordo pode ser concluído nas próximas semanas.

Posição da Rússia e próximos passos

Também nesta segunda-feira, o Kremlin se pronunciou sobre as declarações de Trump. O porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, disse que "claro que concordamos" com a afirmação do americano de que o fim da guerra está "mais próximo do que nunca".

Contudo, Peskov reafirmou a exigência de Moscou: a retirada das tropas ucranianas de todo o território do Donbass, incluindo as partes que ainda são controladas por Kiev. A proposta de paz dos Estados Unidos, por sua vez, prevê a criação de uma zona desmilitarizada na região. Na semana passada, Zelensky já havia sinalizado que aceitaria retirar suas tropas do Donbass se a Rússia concordasse com essa zona desmilitarizada.

Nem Trump nem Zelensky estabeleceram um prazo rígido para um acordo definitivo. Eles prometeram que suas equipes de negociação se reunirão novamente nas próximas semanas para tentar resolver os impasses remanescentes e buscar uma solução para um conflito que já se arrasta por anos.