EUA e Rússia negociam paz em Abu Dhabi enquanto Kiev sofre ataques
Negociações de paz em meio a ataques na Ucrânia

Enquanto representantes dos Estados Unidos e da Rússia se reúnem em Abu Dhabi para discutir um possível acordo de paz, a capital ucraniana enfrenta uma devastadora chuva de mísseis que deixou mortos e feridos. O contraste entre as negociações diplomáticas e a violência no terreno marca mais um capítulo tenso no conflito que já dura anos.

Diplomacia sob fogo cruzado

Nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025, o secretário do Exército dos Estados Unidos, Dan Driscoll, manteve conversas com autoridades russas nos Emirados Árabes Unidos. Os encontros ocorrem como parte do intenso esforço diplomático do governo do presidente Donald Trump para encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia.

As negociações em Abu Dhabi não foram anunciadas publicamente, mas foram confirmadas pela agência Reuters através de fontes oficiais americanas. A natureza exata dessas conversas permanece envolta em mistério, assim como a composição completa da delegação russa presente.

Uma autoridade americana, que preferiu manter o anonimato, revelou que Driscoll - que emergiu como uma figura central na recente iniciativa diplomática americana - também se reuniria com representantes ucranianos na capital emiradense.

Kiev sob ataque enquanto se negociam

Enquanto diplomatas conversavam em salas climatizadas, a realidade na Ucrânia era dramaticamente diferente. Na madrugada desta terça-feira, Kiev foi alvo de um massivo ataque envolvendo mísseis e centenas de drones.

O bombardeio resultou em pelo menos seis mortes e obrigou os habitantes da capital a procurar refúgio em abrigos subterrâneos, incluindo estações de metrô. Testemunhas relataram cidadãos usando pesados casacos de inverno para se protegerem do frio enquanto aguardavam o fim dos ataques.

Plano de paz gera tensões

As negociações em Abu Dhabi ocorrem após a apresentação de um plano de paz elaborado por Washington em coordenação com Moscou. A proposta inicial foi considerada inaceitável pelo governo ucraniano, levando a novas rodadas de discussões no último domingo em Genebra.

O presidente Volodymyr Zelensky reconheceu na segunda-feira que a versão mais recente do plano Trump incorporou alguns pontos "corretos", mas enfatizou que questões sensíveis permanecem sem solução. O líder ucraniano admitiu que a elaboração de um documento final seria um processo difícil.

A Ucrânia e seus aliados europeus manifestaram preocupação com a possibilidade de Kiev ser pressionado a aceitar um acordo que atenda principalmente aos interesses do Kremlin. O temor é que as concessões necessárias para alcançar a paz possam comprometer a soberania e integridade territorial do país.

Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o projeto americano representa uma base sólida para negociações futuras. "Atualmente, a única coisa substancial é o projeto americano, o projeto Trump", declarou Peskov. "Acreditamos que isso poderá se tornar uma base muito boa para as negociações."

O cenário atual apresenta um delicado equilíbrio entre esperança diplomática e realidade bélica, com o futuro da Ucrânia pendendo na balança das negociações internacionais e da resistência no campo de batalha.