Autoridades dos Estados Unidos e uma delegação ucraniana iniciaram neste domingo (30) uma reunião crucial na Flórida para discutir uma proposta de paz que possa encerrar o conflito com a Rússia. O encontro ocorre em um momento de intensificação da pressão diplomática de Washington pelo fim da guerra.
Encontro diplomático em solo americano
As negociações começaram às 10h10 no horário local (12h10 de Brasília) e contaram com a presença de figuras importantes do governo americano. A delegação ucraniana foi liderada por Rustem Oumerov, enquanto o lado americano teve a participação do secretário de Estado Marco Rubio, acompanhado do enviado especial Steve Witkoff e de Jared Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump.
Durante a abertura dos trabalhos, Marco Rubio deixou claro que o objetivo vai além de simples acordos de paz. "Não se tratam apenas de acordos de paz. Trata-se de criar um caminho adiante que deixe a Ucrânia soberana, independente e próspera", declarou o representante americano.
Posição ucraniana e comunicação com Zelensky
Do lado ucraniano, Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança da Ucrânia, enfatizou que as discussões focam no futuro do país e em garantir sua segurança a longo prazo. "Estamos discutindo o futuro da Ucrânia, a segurança da Ucrânia, a não repetição da agressão contra a Ucrânia, a prosperidade da Ucrânia, como reconstruir a Ucrânia", afirmou.
Em publicação na rede social X, o chefe da delegação ucraniana revelou manter "contato constante" com o presidente Volodymyr Zelensky durante o avanço das negociações. Ele também destacou que a equipe trabalha com diretrizes claras para salvaguardar os interesses ucranianos.
"Temos diretrizes e prioridades claras: salvaguardar os interesses da Ucrânia, garantir um diálogo substancial e avançar com base nos progressos alcançados em Genebra", escreveu. "Estamos trabalhando para assegurar uma paz real para a Ucrânia e garantias de segurança confiáveis e de longo prazo."
Contexto das negociações e proposta americana
Analistas internacionais apontam que as conversas na Flórida são uma continuação das negociações realizadas na semana anterior em Genebra, que envolveram americanos, ucranianos e europeus. Washington apresentou um plano específico para encerrar o conflito que já dura mais de três anos.
Uma proposta inicial de 28 pontos, elaborada sem a participação dos aliados europeus da Ucrânia, previa que Kiev deveria ceder a região leste de Donetsk e incluiria o reconhecimento de facto por parte dos Estados Unidos das regiões de Donetsk, Crimeia e Luhansk como território russo.
Entretanto, Washington modificou o rascunho original após fortes críticas de Kiev e de países europeus. O conteúdo atual da proposta permanece incerto, mas representa um ponto central nas discussões em andamento.
Cenário político turbulento na Ucrânia
As conversas com os Estados Unidos ocorrem em um momento particularmente delicado para o governo Zelensky. Na sexta-feira anterior ao encontro, uma investigação sobre corrupção em larga escala obrigou o presidente a destituir seu chefe de gabinete e principal negociador, Andriy Yermak.
Este contexto político interno adiciona complexidade às negociações, enquanto a delegação ucraniana se comprometeu a informar integralmente o presidente sobre os resultados das reuniões realizadas na Flórida.