Um vídeo impressionante de um tornado tocando o solo em uma área rural tem circulado nas redes sociais sendo falsamente atribuído ao desastre que atingiu o Paraná na última sexta-feira (7). As imagens, que mostram um funil gigante passando por um pasto sob um céu escuro, são reais, mas foram gravadas nos Estados Unidos, não no Brasil.
Como a falsa informação se espalhou
Publicado no Instagram no sábado (8), um dia após cidades paranaenses terem sido devastadas por um tornado real, o post viral incluía texto sobreposto afirmando: "Tornado devastador atinge o Paraná: cidade fica quase destruída, com mortos e dezenas de feridos". A publicação se aproveitou da comoção nacional pelo desastre genuíno que deixou sete mortos e mais de 800 feridos no estado.
As imagens mostram um tornado de grande proporção com nuvens escuras de fundo, criando uma cena dramática que, embora real, foi completamente retirada de seu contexto original.
A verdadeira origem do vídeo
A investigação do Fato ou Fake revelou que as imagens são do tornado que atingiu a cidade de Gary, em Dakota do Sul, nos Estados Unidos, em 28 de junho. O registro foi feito por Ricky Forbes, um caçador profissional de tornados, que publicou o material em sua página do Facebook em 5 de julho.
Na legenda original, Forbes descreveu: "Este foi o tornado EF3+ de Gary, Dakota do Sul… com mais de 600 metros de altura, com ventos acima de 225 km/h, destruindo a vegetação bem na nossa frente". A classificação EF3+ indica um tornado de intensidade significativa, capaz de causar danos graves.
Como a verificação foi realizada
A equipe de fact-checking utilizou ferramentas especializadas para desvendar o caso. Através do software InVID, o vídeo foi fragmentado em vários frames (imagens estáticas). Uma dessas imagens foi então submetida a uma busca reversa no Google Lens.
Esta técnica permite rastrear publicações anteriores do mesmo conteúdo em fontes confiáveis, determinando o contexto original. O resultado mais antigo apontou diretamente para a publicação do caçador de tornados norte-americano, confirmando que as imagens foram registradas quase duas semanas antes do desastre paranaense.
É importante destacar que, embora o vídeo seja autêntico e não uma produção de inteligência artificial, seu uso para ilustrar a tragédia do Paraná constitui desinformação, pois engana o público sobre a localização real do fenômeno.