As redes sociais foram inundadas por um vídeo supostamente mostrando um brasileiro arrependido de ter se alistado no exército ucraniano. A cena, no entanto, foi completamente fabricada por inteligência artificial.
O conteúdo viral enganoso
Na última quinta-feira (13), um post publicado na plataforma X apresentava um vídeo com a legenda afirmando mostrar Emilios George Ades Georgiades, um brasileiro que teria assinado contrato de seis meses como mercenário junto às forças ucranianas. Na gravação, um homem usando óculos, capacete e uniforme militar aparece chorando e dizendo em português: "Mãe, mãe, pelo amor de Deus, eu não devia ter vindo. Eu estou aqui, mãe, está caindo bomba para tudo que é lado. Estou sozinho, mãe, me tira daqui".
Investigação comprova falsificação
O Fato ou Fake submeteu o material à análise da ferramenta HiveModeration, especializada em detectar conteúdo gerado por inteligência artificial. O resultado foi conclusivo: 99,6% de chances do vídeo ter sido produzido sinteticamente.
O Ministério das Relações Exteriores confirmou que o nome Emilios George Ades Georgiades não consta em nenhuma das listas oficiais - nem entre os 15 brasileiros mortos nem entre os 26 desaparecidos no conflito.
Posicionamento oficial das autoridades
A Embaixada da Ucrânia no Brasil foi enfática ao afirmar que não recruta cidadãos brasileiros para participar da guerra. Em nota, explicaram que todos os brasileiros que integram o exército ucraniano chegaram ao território por vontade própria e assinaram contratos voluntariamente.
As autoridades ucranianas ainda destacaram que o vídeo em questão apresenta claros indícios de uso de inteligência artificial e é semelhante a outro material falso divulgado semanas atrás pelos russos, mostrando um suposto ucraniano em situação similar.
O Itamaraty reforçou que o alistamento de cidadãos brasileiros em conflitos internacionais não requer autorização prévia do governo brasileiro, o que dificulta o controle sobre quantos efetivamente se juntaram às forças ucranianas.
Fenômeno do turismo de guerra
Paralelamente à disseminação de fake news, perfis e canais nas redes sociais têm promovido uma espécie de "turismo de guerra" para brasileiros, oferecendo viagens ao front ucraniano com a promessa de remuneração em dólar. Essas iniciativas preocupam autoridades, que alertam para os riscos envolvidos.
Diante da rápida disseminação de conteúdos falsos, especialistas recomendam que usuários das redes sociais verifiquem a autenticidade de vídeos e informações antes de compartilhá-los, especialmente quando envolvem situações de conflito internacional.