Um vídeo que circula nas redes sociais, mostrando um suposto manifestante gritando "Allahu Akbar" durante um comício do então candidato Donald Trump em 2016, é uma montagem. A gravação, que viralizou na plataforma X (antigo Twitter), teve seu áudio editado de forma fraudulenta para incluir a frase, que significa "Deus é maior".
A origem do vídeo falso
O material foi publicado na sexta-feira, 28 de junho, e rapidamente ganhou milhares de visualizações. A legenda em inglês associou o grito falsificado a um "manifestante islâmico radical" e fez referência a um ataque recente em Washington, perpetrado por um cidadão afegano, que deixou um integrante da Guarda Nacional morto.
As imagens reais, no entanto, são de 12 de março de 2016, em um comício de campanha de Trump em Ohio. Na ocasião, um homem invadiu o palco para protestar, assustando o candidato e fazendo com que seguranças corressem para protegê-lo. Em nenhum momento, porém, ele proferiu a frase "Allahu Akbar".
Como a falsificação foi descoberta
A equipe do Fato ou Fake utilizou a ferramenta de verificação InVID para analisar o conteúdo. Ao fragmentar o vídeo em frames e realizar uma busca reversa de imagens, foi possível encontrar reportagens da época que documentaram o incidente. Os vídeos originais comprovam a ausência do áudio inserido posteriormente.
A própria plataforma X adicionou um aviso de contexto ao post, alertando os usuários de que o vídeo teve o áudio editado e que, nas imagens originais, o manifestante não gritou a frase em questão.
Histórico de desinformação
Esta não é a primeira vez que este mesmo conteúdo manipulado circula na internet. O Fato ou Fake já havia desmentido a mesma fake news em janeiro de 2020, logo após o presidente Trump ordenar a morte do general iraniano Qassem Soleimani. A recirculação do material, agora em um novo contexto de tensão, demonstra um padrão de uso de eventos reais para disseminar narrativas falsas e preconceituosas.
Nos comentários da publicação falsa, é possível observar usuários acreditando na veracidade do vídeo, com mensagens que pedem a deportação do suposto manifestante, evidenciando o potencial impacto negativo da desinformação.
O caso serve como um alerta para a importância de checar a origem e o contexto de vídeos que circulam online, especialmente aqueles que associam atos de violência a grupos religiosos ou étnicos específicos, alimentando estereótipos e discursos de ódio.