Um áudio falso atribuído ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual ele supostamente parabenizaria um ministro pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, circulou amplamente nas redes sociais e foi desmentido por análise técnica. A gravação, criada com inteligência artificial, é um exemplo claro de desinformação política.
O conteúdo falso que viralizou
Na quarta-feira, 26 de junho, quatro dias após a prisão de Jair Bolsonaro, um vídeo começou a se espalhar no Instagram. A prisão do ex-presidente havia sido determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devido a uma violação da tornozeleira eletrônica.
O post enganoso trazia uma mensagem em texto sobre a imagem: "Bomba! Loola liga para Ministro para parabenizar sobre a prisão de Bolsonaro". O vídeo, que ultrapassou a marca de 5 milhões de visualizações, mostrava um homem dentro de um carro introduzindo o suposto áudio vazado.
Em seguida, era reproduzido um áudio gerado por IA, com voz simulada de Lula, dizendo: "Ministro, parabéns pelo excelente trabalho que vocês fizeram. Viramos uma página importante para a continuidade do nosso governo sem interferências da direita. A soberania não é do Brasil, é nossa soberania, é a soberania do PT. E isso só é possível com imposição".
Análise técnica comprova a falsificação
A equipe do Fato ou Fake, projeto de checagem de informações, submeteu o áudio suspeito a uma análise técnica. A plataforma especializada Hiya, que identifica falas criadas ou manipuladas por inteligência artificial, foi utilizada para o exame.
O resultado foi conclusivo: em uma escala de 0 a 100 que mede o "nível de autenticidade", o áudio obteve uma pontuação muito baixa, de apenas 26 pontos. Isso classifica o material como um deepfake, uma técnica de manipulação digital que permite criar ou alterar conteúdos de áudio e vídeo de forma hiper-realista.
Posicionamento oficial da Presidência da República
O Fato ou Fake também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto para obter um posicionamento oficial sobre o caso. A resposta, enviada por e-mail, foi categórica.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República afirmou que o conteúdo é FALSO e destacou que "o presidente Lula não comenta sobre questões de justiça". A nota oficial ainda repudiou a divulgação de boatos falsos com objetivos políticos, que visam "desinformar a população e manipular a opinião pública".
Esta posição está alinhada com declarações públicas do presidente. Um dia após a prisão de Bolsonaro, Lula já havia se recusado a comentar a fundo a decisão judicial, afirmando: "A primeira coisa é que eu não faço comentários sobre uma decisão da Suprema Corte. [...] Então, a Justiça decidiu, tá decidido, ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez".
Este caso se soma a uma série de outros conteúdos falsos criados com inteligência artificial que têm circulado nas redes sociais. A sofisticação das ferramentas de deepfake representa um desafio crescente para o combate à desinformação, exigindo que o público e as instituições de checagem redobrem a atenção e busquem fontes oficiais antes de compartilhar informações.
