
O mundo das notícias falsas é mesmo um lugar estranho. Você diz uma coisa, eles ouvem outra completamente diferente - e ainda te citam como fonte. Foi exatamente isso que aconteceu com Adolfo Pérez Esquivel, o argentino que ganhou o Nobel da Paz em 1980 por sua luta pelos direitos humanos.
Parece que alguém resolveu brincar de telefone sem fio com as palavras do ativista. A história é tão absurda que chega a dar vergonha alheia.
Como uma frase foi completamente deturpada
Esquivel - que, diga-se de passagem, sobreviveu à ditadura argentina - disse claramente que Lula não foi ditador. Óbvio, né? Todo mundo sabe que o Brasil teve uma ditadura militar entre 1964 e 1985, e Lula só assumiu a presidência em 2003. Mas adivinha?
Alguns sites de... bem, vamos chamar de "notícias alternativas"... transformaram essa declaração óbvia numa suposta crítica ao presidente. É de cair o queixo, a criatividade para distorcer fatos.
O perigo das manipulações em tempos de polarização
O que mais preocupa nesse caso - e em tantos outros que pipocam por aí - é como as pessoas aceitam qualquer coisa sem checar a fonte. Esquivel, que dedicou a vida a lutar contra opressões, agora vê seu nome sendo usado para espalhar desinformação. A ironia é dolorosa.
Ele mesmo alerta: precisamos ter muito cuidado com o que circula nas redes sociais. Não é questão de opinião política - é sobre honrar a verdade histórica. E convenhamos, chamar Lula de ditador é como dizer que o sol gira em torno da terra: um erro factual grosseiro.
O pior é que essas fake news não são inofensivas. Elas alimentam ódio, distorcem o debate público e, no fim das contas, prejudicam a democracia. Esquivel sabe bem disso - afinal, ele viu de perto o que acontece quando a verdade é a primeira vítima dos autoritarismos.
Uma lição sobre checagem de fatos
Talvez a grande lição aqui seja: antes de compartilhar aquela manchete bombástica, respire fundo e pergunte-se: isso faz sentido? É verídico? Vale a pena espalhar?
Como o próprio Nobel da Paz demonstrou, até as vozes mais respeitáveis podem ser distorcidas quando a má-fé se junta à preguiça de verificar os fatos. E no Brasil de hoje, onde a polarização parece um esporte nacional, esse tipo de cuidado é mais necessário do que nunca.
No final, o recado de Esquivel é simples: a verdade importa. E defender ela - seja contra ditaduras do passado ou fake news do presente - continua sendo uma luta urgente.