Uma imagem que supostamente mostra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caminhando com um andador circulou massivamente nas redes sociais e se revelou falsa. O conteúdo, criado por inteligência artificial, foi compartilhado como se fosse real, gerando confusão e milhões de visualizações.
A viralização da imagem falsa
Na quinta-feira, 11 de janeiro, um post publicado na plataforma X, antigo Twitter, exibia a foto em questão e rapidamente alcançou a marca impressionante de mais de 13,5 milhões de visualizações. A legenda que acompanhava a publicação afirmava ser um vazamento de "ÚLTIMA HORA", mostrando Trump usando um andador momentos depois de assinar uma ordem executiva que proibiria os estados americanos de regulamentar a inteligência artificial.
A imagem em si apresentava Trump de terno, olhando para a frente enquanto caminhava com o auxílio de um andador em um corredor. A alegação tentava vincular a cena falsa a um anúncio real feito pelo ex-presidente em 8 de dezembro, quando ele declarou que a indústria de IA seria regulamentada em nível federal, e não estadual.
Como a falsificação foi descoberta
A equipe do Fato ou Fake, núcleo de checagem de informações, submeteu o material a ferramentas especializadas em detectar conteúdos sintéticos. A primeira análise foi feita com o SynthID Detector, uma tecnologia do Google que identifica marcas d'água invisíveis a olho nu inseridas em mídias geradas pelas IAs da própria empresa.
O resultado foi conclusivo: o sistema apontou que o vídeo foi "Feito com IA do Google", com o indicador presente em quase todo o quadro. Essa marca d'água digital é aplicada diretamente durante o processo de criação sintética e serve como um rastreador para sistemas de verificação.
Para confirmar a descoberta, outras duas ferramentas de detecção foram utilizadas. O HiveModeration indicou uma probabilidade de 99,9% de o conteúdo ter sido gerado por IA. Já o Sightengine apontou 99% de chances, especificando ainda que há 99% de probabilidade de a ferramenta utilizada ter sido o Imagen, também desenvolvido pelo Google.
O contexto e os impactos da desinformação
A imagem surgiu inicialmente na internet como uma sátira, uma resposta humorística ao anúncio político sobre a regulamentação federal da inteligência artificial. No entanto, o contexto satírico se perdeu no compartilhamento massivo, e muitos usuários passaram a tratar a cena como um fato real.
Na seção de comentários do post original, a desconfiança já era perceptível. Enquanto alguns perguntavam ao Grok, chatbot do X, se a imagem era verdadeira, outros usuários já alertavam que se tratava de uma falsificação. O episódio ilustra o desafio crescente de combater a desinformação em uma era onde ferramentas de IA generativa tornam a criação de conteúdos falsos cada vez mais acessível e convincente.
Este caso reforça a importância da verificação de fatos e do uso de tecnologias dedicadas a identificar conteúdos sintéticos, especialmente quando envolvem figuras públicas e alegações políticas sensíveis.