Um vídeo que circula nas redes sociais, alegando mostrar muçulmanos incendiando uma árvore de Natal no Reino Unido, foi desmentido por agências de checagem. As imagens, na verdade, registram um incidente acidental ocorrido na China no final do ano passado.
A origem da falsa narrativa
Na quinta-feira, 25 de dezembro de 2024, uma publicação na plataforma X (antigo Twitter) viralizou com um vídeo dramático. A legenda em português questionava: "? Muçulmanos no Reino Unido queimaram árvores de Natal ?Será que merecem o mesmo tratamento no Eid?". A mensagem fazia referência às celebrações islâmicas do Eid al-Fitr e do Eid al-Adha.
O conteúdo exibia uma grande árvore de Natal completamente em chamas dentro de um shopping center, enquanto um homem tentava apagar o fogo com um extintor. Sobre as imagens, uma caixa de texto afirmava categoricamente: "Jihadistas islâmicos queimaram árvore de Natal no Reino Unido".
A verdade por trás das imagens
Uma investigação conduzida pelo projeto Fato ou Fake revelou que o vídeo é real, mas seu contexto foi completamente distorcido. Utilizando ferramentas de verificação como o InVID e o Google Lens, os verificadores fragmentaram o material e realizaram buscas reversas.
O resultado foi claro: as cenas foram originalmente gravadas em 25 de dezembro de 2024 na cidade de Chengdu, na China. O incidente aconteceu no shopping Sanli Plaza, onde uma árvore de Natal decorativa pegou fogo.
Veículos de imprensa chineses, como o Yahoo, noticiaram o fato no dia seguinte, 26 de dezembro, com manchetes que explicavam a causa provável: "Árvore de Natal gigante em Chengdu vira 'tocha', suspeita-se que bituca de cigarro tenha causado o incêndio".
Conclusão oficial descarta crime
Em 28 de dezembro, um relatório oficial do Corpo de Bombeiros local encerrou as especulações. A investigação apontou que o incêndio foi causado por um curto-circuito na fiação elétrica da própria árvore. O laudo técnico descartou qualquer possibilidade de ação criminosa ou intencional, caracterizando o evento como um acidente.
Portanto, a narrativa que associa a cena a um ato de intolerância religiosa no Reino Unido é completamente falsa. Trata-se de um caso claro de desinformação, onde um vídeo real é usado fora de contexto para espalhar ódio e falsas acusações contra um grupo religioso.
Este caso reforça a importância de checar a origem e o contexto de qualquer informação recebida nas redes sociais, especialmente aquelas que promovem estereótipos ou conflitos entre comunidades.