Operação da PF prende vice-prefeito em investigação sobre licitações
O vice-prefeito de Hortolândia, Carlos Augusto Cesar, conhecido como Cafu, foi preso nesta quarta-feira (12) durante uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes em licitações públicas. A ação, que ocorreu em múltiplas cidades, cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva.
Perfil do vice-prefeito e contexto político
Carlos Augusto Cesar tem 62 anos e é filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Ele foi eleito em 2024 como vice na chapa do prefeito Zezé Gomes, dos Republicanos, que foi reeleito no primeiro turno com 55,07% dos votos válidos. Natural de Ponte Nova, em Minas Gerais, Cafu declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter ensino superior incompleto e atuar como aposentado, com patrimônio estimado em R$ 1.315.955,00.
A chapa "O trabalho tem que continuar, Hortolândia não pode parar" foi formada por uma coalizão de partidos incluindo Republicanos, PP, Podemos, PSB, PSD e a Federação Brasil da Esperança. A coligação venceu as eleições de 2024 com 60.742 votos, mantendo Zezé Gomes no comando da prefeitura.
Histórico de cassação e investigações anteriores
Em janeiro de 2025, a Justiça Eleitoral de Hortolândia já havia determinado a cassação dos mandatos de Cafu e do vereador Leonardo Martins Moreira, conhecido como Leo do LM. A decisão foi baseada em denúncia do Ministério Público Eleitoral que acusava os dois de abuso de poder político durante as eleições municipais de 2024.
Segundo as investigações, os políticos teriam tentado coagir uma candidata da oposição a desistir da disputa eleitoral, oferecendo dinheiro e um emprego, além de fazer ameaças pessoais e ao comércio da vítima. O juiz Luis Mario Mori Domingues considerou que as provas indicavam a existência de um "plano claro" para enfraquecer adversários políticos.
A decisão também determinou a inelegibilidade de ambos por oito anos. O prefeito Zezé Gomes chegou a ser citado na ação, mas a acusação contra ele foi considerada improcedente por falta de provas.
Abrangência da operação e crimes investigados
A operação desta quarta-feira teve amplo alcance, com mandados sendo executados em São Paulo, Distrito Federal e Paraná. Todos os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Campinas. Na região de Campinas, foram cumpridos 19 mandados de busca e três de prisão.
As ações policiais ocorreram em Hortolândia, Sumaré, Limeira e Piracicaba. Os envolvidos podem responder por crimes como corrupção, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação irregular e organização criminosa.
O advogado Ralph Tórtima Filho, que assumiu a defesa do vice-prefeito, informou que está "solicitando acesso aos autos e que somente se manifestará após conhecimento das investigações".
Posicionamento das prefeituras envolvidas
A secretária de Assuntos Jurídicos de Hortolândia, Silvânia Anízio, afirmou que a prefeitura colaborou integralmente com a Polícia Federal durante a operação. Os agentes recolheram quatro processos ligados à empresa Life Tecnologia Educacional, responsável pelo fornecimento de materiais didáticos e de robótica. O contrato com a empresa segue ativo.
Anízio destacou que todos os processos seguem a Lei 14.133/2021 e passam por acompanhamento rigoroso, afirmando que "tudo é feito dentro da legalidade". Sobre a prisão do vice-prefeito, a secretária disse que a prefeitura aguarda acesso ao processo antes de se manifestar.
Já a Prefeitura de Limeira informou que a atual gestão não renovou o contrato com a empresa Life Educacional no início deste ano e não realizou em 2025 qualquer pagamento à empresa. A Life é alvo de apuração interna por uma comissão de sindicância da administração municipal.
Em Sumaré, a prefeitura destacou que os contratos sob investigação foram firmados em 2020, referentes à gestão anterior, e não dizem respeito a contratos celebrados pela atual administração. O Executivo Municipal reforçou que está colaborando de forma plena com as autoridades competentes.
A operação representa mais um capítulo nas investigações sobre supostas irregularidades em licitações públicas na região, com desdobramentos que podem afetar significativamente a política local.