Prefeitura do Rio cancela contratos de creches de Gigi Castilho após denúncias
Rio cancela contratos de creches de vereadora Gigi Castilho

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a não renovação dos contratos com as creches comunitárias ligadas à vereadora Gigi Castilho, do Republicanos. A decisão foi publicada no Diário Oficial do município através de um ato da Subsecretaria de Gestão da Secretaria Municipal de Educação.

Investigação aponta irregularidades milionárias

As investigações revelaram que seis unidades da Creche Comunitária Deus é Fiel e quatro unidades da Creche Escola Machado, fundadas pela vereadora e seu marido, Luciano Castilho, receberam R$ 72,4 milhões em repasses públicos desde 2019. Os contratos atendiam mais de dois mil alunos da rede municipal de ensino.

Um levantamento do gabinete do vereador Pedro Duarte (NOVO) expôs transações questionáveis. Entre 2022 e 2023, as creches destinaram R$ 1,7 milhão a empresas de parentes ou pessoas próximas do casal. Os pagamentos foram feitos a padarias, hortifrutis e confecções que, em muitos casos, estavam registradas em endereços residenciais sem atividade comercial.

Operação policial e empresas fantasmas

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar desvio de verba pública e possíveis fraudes nos contratos. No início do mês, a Delegacia de Defraudações cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços das supostas empresas e na casa de Gigi Castilho.

Entre as empresas investigadas está uma padaria registrada em nome da filha da vereadora, Andreza dos Santos Adão. Moradores confirmaram que no endereço indicado, uma vila residencial na Zona Oeste, nunca funcionou nenhum comércio.

As investigações identificaram ainda que, em apenas seis meses, uma das creches recebeu cerca de R$ 9 milhões em repasses e realizou 816 saques em espécie, totalizando R$ 1,7 milhão - números considerados incompatíveis com a rotina de uma instituição educacional.

Novas denúncias e defesa da vereadora

Relatos de ex-funcionários acrescentaram detalhes surpreendentes às investigações. Alguns afirmaram que Luciano Castilho, marido de Gigi, deixou cair uma sacola com dinheiro enquanto tentava fugir durante uma visita policial às creches.

O Tribunal de Contas do Município (TCM) também analisa supostas irregularidades nos contratos. Segundo as apurações, empresas de fachada eram usadas para emitir notas fiscais superfaturadas e justificar contratos que serviriam apenas para escoar dinheiro público.

Em nota, o advogado da vereadora, Márcio Delambert, afirmou que Gigi Castilho "não possui qualquer vínculo executivo com as creches" e que "todas as acusações serão devidamente esclarecidas no momento oportuno". A defesa também ressaltou que as unidades atendem mais de dois mil alunos com "altíssimo padrão de qualidade e sem igual".

A Secretaria Municipal de Educação foi contactada, mas ainda não se manifestou sobre o caso. Os contratos, assinados desde 2019, deixarão de ser renovados para o ano de 2026, conforme decisão publicada no Diário Oficial.