A Polícia Federal desvendou um complexo esquema de corrupção que envolve contratos públicos no Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae), com prejuízo estimado em R$ 194 milhões aos cofres públicos. O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) é apontado como líder da organização criminosa.
Diretor do Saae recebeu propina de R$ 65 mil
As investigações da Operação Copia e Cola revelaram que Glauco Enrico Bernardes Fogaça, atual diretor-presidente do Saae, teria recebido pagamentos ilícitos totalizando R$ 65 mil. Os valores foram registrados na contabilidade paralela mantida por Josivaldo de Souza, cunhado do prefeito Manga, que foi preso pela PF em 6 de novembro.
De acordo com as provas coletadas, os pagamentos a "GLAUCO" estariam relacionados ao compartilhamento de documentos sigilosos de processos licitatórios do Saae com Josivaldo. A PF encontrou nos celulares do investigado arquivos digitais de um processo licitatório da autarquia que teriam sido fornecidos pelo diretor.
Empresas com contratos milionários no esquema
A investigação identificou o envolvimento de duas empresas que mantinham contratos milionários com o Saae:
- Eteng Engenharia e Serviços Ltda. - contratada para serviços de manutenção e reparos de pavimentos asfálticos, recebeu R$ 72,6 milhões entre 2018 e 2025. A contabilidade paralela registrou R$ 553,8 mil em lançamentos para "ETENG".
- Única Sorocaba Vigilância e Segurança Patrimonial Ltda. - recebeu R$ 122 milhões entre 2014 e 2025. A PF encontrou um envelope com dinheiro em espécie contendo a inscrição "Prett" na residência de Josivaldo.
Contratos firmados mesmo após operação da PF
Um dos aspectos mais alarmantes do caso é que novos contratos foram firmados mesmo após o início da Operação Copia e Cola em 10 de abril de 2025. Em 17 de junho de 2025, a autarquia celebrou um novo contrato emergencial com a Única Sorocaba Vigilância.
Além disso, em 25 de agosto de 2025, o Saae prorrogou por mais 12 meses um contrato de R$ 14,6 milhões com a Eteng Engenharia. A investigação também aponta que o empresário Marco Silva Mott, amigo do prefeito Rodrigo Manga, utilizava seu acesso privilegiado para agendar reuniões com servidores do Saae.
A Prefeitura de Sorocaba informou que não foi oficialmente notificada sobre qualquer denúncia relacionada ao caso. O Saae, por sua vez, afirmou que todos os contratos celebrados "seguiram rigorosamente os procedimentos legais, em conformidade com a legislação vigente".
Nenhum dos investigados - incluindo Glauco Fogaça e as empresas mencionadas - se manifestou sobre as acusações até o momento da publicação das investigações.