Operação da PF apreende milhões em dinheiro vivo em esquema de corrupção em Alagoas
PF apreende dinheiro vivo em operação contra corrupção em Alagoas

A Polícia Federal (PF) realizou uma grande operação nesta terça-feira (16 de dezembro de 2025) para combater um esquema de corrupção envolvendo contratos públicos no estado de Alagoas. A ação, que mobilizou 170 policiais federais e 26 auditores, cumpriu 38 mandados de busca e apreensão em três unidades da federação: Alagoas, Pernambuco e o Distrito Federal.

Esquema milionário na saúde pública

De acordo com as investigações, o grupo criminoso atuava para obter vantagens indevidas em contratos emergenciais da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau). Os contratos, firmados entre 2023 e 2025 com uma fornecedora de material hospitalar e uma construtora, somam quase R$ 100 milhões. Boa parte desse valor ainda estava em fase de execução quando a operação foi deflagrada.

A PF identificou indícios de que as contratações diretas geraram pagamentos de propina aos investigados. Além disso, a investigação apura um outro braço do esquema: o desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de ressarcimentos superfaturados de consultas e procedimentos médicos que não teriam ocorrido. Só nessa modalidade, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 18 milhões.

Dinheiro vivo, armas e bens de luxo apreendidos

Durante as buscas, os agentes encontraram e apreenderam uma expressiva quantidade de dinheiro em espécie, tanto em reais quanto em moeda estrangeira. Duas armas de fogo também foram apreendidas nos locais vasculhados pela força-tarefa.

A Justiça Federal, por meio do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), que expediu os mandados, determinou ainda medidas cautelares contra os alvos. Uma delas é a suspensão do exercício de função pública por 180 dias. Também foi ordenado o sequestro de bens pertencentes aos investigados, incluindo veículos e imóveis de alto valor.

Lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio

O inquérito policial detalha um sofisticado método para esconder a origem ilícita do dinheiro. "Interpostas pessoas" (laranjas) foram usadas para receber transferências bancárias, realizar saques em espécie e, principalmente, para adquirir bens imóveis em nome de terceiros.

Um exemplo citado pela PF é a compra de uma pousada em Porto de Pedras (AL) no valor de R$ 5,7 milhões em 2023. O imóvel foi registrado em nome de pessoas interpostas, familiares ou terceiros, mas pago por empresários beneficiados pelo esquema criminoso. Os recursos desviados também custeavam viagens internacionais e gastos pessoais de luxo dos investigados.

"O dinheiro público a ser investido no sistema de saúde alagoano foi transferido para contas bancárias dos investigados e pessoas a eles ligadas", ressaltou a Polícia Federal em nota. A operação marca um duro golpe em uma organização acusada de configurar crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.