O ex-prefeito de Bonfim, Joner Chagas, de 51 anos, teve sua prisão preventiva revogada pela Justiça nesta sexta-feira, 5 de janeiro. Ele estava detido pela Polícia Federal (PF) desde o dia 27 de novembro, suspeito de comandar um esquema de desvio de R$ 40 milhões de recursos públicos destinados à manutenção de estradas vicinais no interior de Roraima.
Detenção e agravamento do estado de saúde
A prisão foi cumprida no contexto da Operação Déjà Vu, que investiga fraudes em licitações. Após passar nove dias preso, Joner Chagas foi internado no Hospital Geral de Roraima (HGR) na quinta-feira, 4 de janeiro, após sentir-se mal.
De acordo com informações da família, o ex-prefeito sofre de diabetes mellitus tipo 2 crônica e necessita de controle rigoroso com aplicação diária de insulina. Eles relataram que houve uma piora em seu quadro de saúde devido à falta do controle adequado da medicação durante o período de detenção.
Ao chegar ao hospital, Joner apresentava diabetes descontrolada, desidratação severa e sinais de comprometimento renal. A Secretaria de Justiça confirmou que cumpriu a decisão judicial de soltura no próprio HGR, onde ele permanece internado para tratamento médico.
Esquema de desvios e "testa de ferro"
A investigação da Polícia Federal aponta que Joner Chagas era o responsável por controlar um esquema de desvio de dinheiro em contratos de obras públicas no município de Bonfim. Segundo as apurações, o ex-prefeito utilizava uma empresária como "testa de ferro" para ocultar sua ligação direta com os recursos desviados.
A PF suspeita que a empresa envolvida não possuía estrutura compatível com os contratos milionários que recebeu. O desvio teria atingido a marca de mais de R$ 40 milhões, valor originalmente destinado à manutenção de estradas vicinais.
A prisão de Joner ocorreu um dia após a PF cumprir sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Boa Vista e Bonfim. A operação teve início após a prisão em flagrante de uma empresária, seu marido e sua filha, que foram surpreendidos com R$ 510 mil em espécie, supostamente de origem ilícita.
Defesa contesta fundamentos da prisão
Em nota, a assessoria do ex-prefeito informou que a decisão de revogar a prisão foi tomada pelo próprio magistrado que havia determinado a medida preventiva. A defesa de Joner Chagas argumenta que o fundamento utilizado para a prisão, risco de fuga, não procede.
Segundo a nota, a busca e apreensão realizada pela PF não ocorreu na residência oficial do ex-prefeito em Bonfim, onde ele vive há 20 anos e tem domicílio eleitoral e empresarial registrado, mas sim em uma casa de apoio em Boa Vista. A defesa afirma que, no mesmo dia da operação, protocolou uma petição junto à PF informando o paradeiro de Joner e colocando-o à disposição das autoridades.
O Tribunal de Justiça de Roraima, quando procurado, não informou se há outras medidas determinadas contra o ex-prefeito. O caso segue sob investigação da Polícia Federal no âmbito da Operação Déjà Vu.