Fraude de R$ 2 milhões no Samu de Goiânia: PF cumpre 9 mandados
Fraude de R$ 2 milhões no Samu de Goiânia

Operação Check-up 192 desmonta esquema milionário no Samu

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta sexta-feira (28) a Operação Check-up 192, que cumpriu nove mandados de busca e apreensão em Goiânia. O alvo das investigações é um sofisticado esquema de fraudes em contratos de manutenção de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da capital goiana.

Esquema envolvia serviços fantasmas até em veículos sucateados

De acordo com as investigações, as fraudes incluíam serviços como abastecimento de combustíveis, lavagem, troca de óleo e peças que eram realizados até mesmo em veículos já sucateados. O esquema movimentou aproximadamente R$ 2 milhões em recursos públicos federais, com prejuízos causados entre 2022 e 2024, período que abrange parte da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz.

O delegado da PF André Monteiro revelou que pelo menos dez pessoas integravam a organização criminosa, incluindo quatro servidores municipais que tinham justamente a função de fiscalizar os contratos. "Eles atuavam nas duas pontas do esquema. Pegavam essas viaturas do Samu e executavam os serviços em oficinas clandestinas e, posteriormente, emitiam notas em empresas credenciadas", explicou o delegado.

Fraudes flagrantes e oficinas clandestinas

A superintendente da CGU em Goiás, Suzana Kroehling, detalhou que a análise do órgão focou em uma frota de 17 ambulâncias próprias do município, que hoje foi substituída por veículos alugados. Ela citou exemplos concretos das irregularidades encontradas:

  • Notas fiscais repetidas para um mesmo serviço em prazo muito curto
  • Troca de freio de uma mesma ambulância quatro vezes em um único mês
  • Serviços prestados em oficinas clandestinas, algumas de propriedade dos próprios servidores
  • Serviços superfaturados e outros simplesmente não executados

"É uma evidência de que o serviço possivelmente não foi prestado. Porque trocar o freio de uma ambulância quatro vezes em um mês não é razoável", afirmou Kroehling.

Recursos federais desviados e investigações em andamento

Os recursos desviados são federais e correspondem aos repasses do Ministério da Saúde para o município, destinados especificamente ao custeio dos serviços de manutenção da frota do Samu. Segundo o delegado André Monteiro, "outros contratos podem ter sido envolvidos. Então, nós não temos como determinar, até o momento, quanto foi desviado efetivamente".

As investigações apontaram que, na época das fraudes, boa parte da frota de ambulâncias estava inoperante, justamente quando os serviços deveriam estar sendo realizados. Os investigadores encontraram evidências tanto de serviços não executados quanto de serviços prestados, mas com valores superfaturados.

Posicionamentos e próximos passos

O ex-prefeito Rogério Cruz emitiu nota informando que não é investigado e nem figura entre os alvos da operação, destacando que as rotinas técnicas são de responsabilidade direta das áreas específicas da Secretaria Municipal de Saúde.

Já a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a atual gestão está à disposição dos órgãos de controle e que abrirá processo administrativo para apurar a conduta dos servidores envolvidos. A pasta também informou que, neste ano, toda a frota do Samu foi substituída, contando atualmente com 22 ambulâncias em uso.

As investigações continuam e podem se estender para novos contratos ou para o mesmo contrato na atual gestão, já que alguns dos servidores investigados continuam atuando e os contratos permanecem vigentes.