O ex-diretor de Turismo de Poços de Caldas, Hugo Ribeiro do Rêgo, de 48 anos, recuperou a liberdade na manhã desta quinta-feira (27) após a Justiça Eleitoral revogar sua prisão preventiva. Ele estava detido desde 13 de agosto, quando foi preso durante a Operação Castelo de Cartas, deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais.
Esquema de corrupção no Distrito Industrial
Hugo Ribeiro do Rêgo é investigado pelos crimes de corrupção, estelionato e uso de documentos falsos em um suposto esquema de cobrança indevida de empresas interessadas em se instalar no Distrito Industrial de Poços de Caldas. Segundo as investigações, os crimes teriam ocorrido quando ele atuava como gerente da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.
A filha dele, de 26 anos, também foi denunciada por participação no esquema criminoso. De acordo com a defesa, o ex-diretor vai responder ao processo em liberdade, mas deverá cumprir medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica.
Operação Castelo de Cartas
A investigação teve início a partir de uma denúncia formal realizada pela procuradoria do município no início deste ano. A operação foi batizada de 'Castelo de Cartas' porque, segundo a Polícia Civil, deverá ter continuidade para determinar se há uma rede integrada na realização do golpe.
Na administração municipal, Rego exerceu diversos cargos entre 2022 e 2024:
- Gerente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet)
- Coordenador de comunicação
- Diretor de turismo
Modus operandi do esquema criminoso
Segundo o delegado Clayson Brene, Rego usava do cargo na Sedet para praticar estelionato contra empresas interessadas em se instalar na cidade usando o programa Avança Poços, que viabiliza doação de terrenos no Distrito Industrial.
"Como gerente da Sedet, ele era responsável pelo procedimento de doação de terreno, conversava com os empresários e indicava que seria necessário, conforme previsão legal, o pagamento da contrapartida", explicou o delegado.
Até o momento, foram identificadas três empresas lesadas que pagaram entre R$ 100 mil e R$ 1,8 milhão ao ex-diretor. Quando as empresas demonstraram desconfiança pela demora da formalização do procedimento, o suspeito encaminhava atas falsas para indicar que o processo estava em andamento e os pagamentos continuavam.
Posicionamento da prefeitura
A Prefeitura de Poços de Caldas emitiu nota informando que, a partir de denúncias apresentadas por empresa eventualmente prejudicada, adotou imediatamente as providências cabíveis, acompanhando a situação junto às autoridades competentes. A administração municipal ressaltou que os fatos ocorreram à revelia do conhecimento interno e sem qualquer participação ou anuência da Prefeitura.
O caso continua sob investigação da Polícia Civil, que busca apurar a extensão completa do esquema e identificar possíveis outros envolvidos nos crimes.