Escândalo do INSS: Operação Sem Desconto derruba ministro e atinge vice-líder
Escândalo do INSS derruba ministro e atinge vice-líder

O escândalo envolvendo descontos ilegais nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continua a provocar um verdadeiro efeito dominó no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira, 18 de dezembro de 2025, pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), ampliou o raio das investigações e atingiu figuras-chave do poder.

Uma sequência de quedas no alto escalão

Desde que o esquema veio à tona, em abril deste ano, as investigações já resultaram na queda de ocupantes de cargos de alto escalão. Logo após a primeira fase da operação, em 23 de abril, o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão. Lupi admitiu saber da existência de um "descontrole" nos descontos associativos, e sua permanência no cargo tornou-se insustentável.

No mesmo dia, o presidente Lula demitiu Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS. Stefanutto foi afastado inicialmente e, meses depois, em 11 de novembro, foi preso em outra etapa da operação policial.

Os personagens centrais do esquema

À medida que as investigações avançavam, um nome ganhou notoriedade como um dos principais articuladores da fraude: o empresário e lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS". Segundo a Polícia Federal, ele teria atuado como o principal intermediário entre as entidades que recebiam os descontos e a autarquia previdenciária. Antunes, que sempre negou as acusações, foi preso em setembro.

A operação desta quinta-feira prendeu também Romeu Carvalho Antunes, filho do "Careca do INSS", indicando que as investigações seguem aprofundando as conexões familiares e operacionais do suposto esquema.

Nova fase atinge número 2 da Previdência e vice-líder do governo

A etapa mais recente da Operação Sem Desconto foi particularmente impactante para a estrutura de governo. A Polícia Federal cumpriu dezesseis mandados de busca e apreensão e determinou a prisão de Adroaldo Portal, que ocupava o cargo de número 2 do Ministério da Previdência. Portal foi imediatamente demitido após a prisão.

Além disso, os agentes federais cumpriram mandados de busca nos endereços do senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado. A PF chegou a pedir a prisão do parlamentar, alegando que ele teria uma "posição de liderança" dentro do esquema ilegal. No entanto, a Procuradoria-Geral da República opinou contra o pedido, e o ministro relator do caso, André Mendonça, negou a prisão.

Cabo de guerra político e a CPMI do INSS

O caso transformou-se em um campo de batalha política entre governo e oposição. Enquanto os governistas argumentam que o esquema fraudulento cresceu durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, os opositores afirmam que o governo Lula, já marcado por outros escândalos de corrupção, seria conivente com os descontos ilegais.

O Congresso Nacional, buscando sua própria apuração, instalou em agosto uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os descontos ilegais. A tensão política em torno do caso só aumenta, especialmente após a revelação de que uma das entidades associativas que recebia dinheiro dos aposentados contava com um irmão de um político petista em seu quadro diretivo.

O escândalo do INSS, portanto, segue abalando as estruturas do governo Lula, derrubando ministros e altos funcionários, e colocando em xeque a relação do poder político com um esquema que desviou recursos diretamente dos bolsos de milhões de aposentados e pensionistas em todo o país.