CPMI do INSS ouve ex-coordenador e empresário por desvios
CPMI do INSS ouve envolvidos em esquema de desvios

Depoimentos na CPMI revelam esquema de desvios no INSS

Nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realiza mais uma etapa crucial das investigações sobre desvios no sistema previdenciário. Dois nomes centrais no esquema estão prestando depoimento: Jucimar Fonseca da Silva, ex-coordenador-geral de Pagamento de Benefícios do INSS, e o empresário Thiago Schettini, apontado como "facilitador" das irregularidades.

Papel do ex-coordenador no esquema

Quando ocupava cargo de chefia na autarquia, Jucimar Fonseca foi responsável por uma medida que despertou suspeitas: promoveu o desbloqueio em lote dos descontos associativos em benefícios de segurados. Essa ação contrariou parecer da procuradoria especializada do INSS e, segundo parlamentares da comissão, beneficiou entidades que hoje são alvo de investigação tanto da Polícia Federal quanto da própria CPMI.

A reativação dos convênios permitiu que organizações sob suspeita continuassem recebendo repasses diretamente dos benefícios previdenciários. Essa manobra em lote dificultou a identificação dos beneficiários finais do esquema, conforme apontam as bancadas investigadoras.

O "facilitador" e suas conexões

Thiago Schettini, por sua vez, aparece como peça fundamental na operação. Investigadores revelaram que o empresário recebeu repasses da União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub) e da Prospect Consultoria Empresarial, empresa que pertence ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS".

As investigações da Polícia Federal encontraram fortes indícios conectando viagens realizadas por Schettini com operações financeiras consideradas suspeitas. Além disso, o empresário teria acompanhado a senhora Cecília Rodrigues Mota em viagens - esta última já é investigada por fraudes no âmbito do INSS.

Andamento das investigações

Os depoimentos começaram às 14h30 desta segunda-feira e representam mais um capítulo na apuração de um dos maiores escândalos recentes envolvendo recursos da Previdência Social. A CPMI busca esclarecer como funcionava a rede de desvios de pensões e aposentadorias que prejudicou milhares de segurados.

As manobras identificadas até o momento mostram um esquema sofisticado que utilizava brechas no sistema de consignação para desviar valores que deveriam estar sendo pagos aos beneficiários legítimos. A expectativa é que os depoimentos de hoje tragam novas revelações sobre a extensão da corrupção dentro da autarquia previdenciária.