Rússia aprova leis de defesa contra ataques ucranianos com vigilância e bloqueios
Rússia reforça defesas com novas leis de Putin

O governo russo implementou um pacote de medidas legislativas para fortalecer suas defesas contra ofensivas de longa distância realizadas pela Ucrânia, em meio a um conflito militar que já se estende por quase quatro anos.

Medidas de segurança e vigilância

As novas leis, sancionadas discretamente pelo presidente Vladimir Putin no início de novembro de 2025, foram divulgadas nesta quarta-feira, 19, pelo jornal britânico The Guardian. O conjunto legislativo prevê vigilância massiva de depósitos de combustível, bloqueios de internet e aumento significativo de penas para casos de sabotagem.

De acordo com fontes oficiais, as medidas têm como objetivo principal controlar os constantes ataques de drones ucranianos contra instalações estratégicas da infraestrutura russa. Dados de Kiev indicam que mais de 160 ataques deste tipo foram bem-sucedidos, com destaque para aqueles direcionados ao complexo energético do país.

Mobilização de reservistas e controle digital

A principal iniciativa do pacote legislativo é a convocação de mais de 2 milhões de integrantes da reserva para proteção de instalações de energia e outros locais considerados estratégicos. Estes reservistas, que recebem salários considerados baixos e passam por treinamento militar anual, haviam sido poupados de combater diretamente na Ucrânia até o momento.

Moscou também estabeleceu mecanismos para interferir no voo dos drones, criando uma regulamentação que bloqueia automaticamente cartões SIM estrangeiros por 24 horas. As autoridades russas justificaram a medida argumentando que isso impediria que equipamentos controlados por Kiev utilizassem redes civis para transmissão de informações.

Os efeitos da restrição foram imediatos, causando confusão entre cidadãos russos que retornavam de viagens internacionais. As reclamações se estenderam até países vizinhos como Letônia e Estônia, onde moradores de regiões fronteiriças relataram ter suas conexões bloqueadas por engano devido às novas regras.

Rigor penal e impacto social

As penas para envolvidos em episódios de sabotagem foram drasticamente ampliadas, incluindo a imposição de prisão perpétua e punição para adolescentes a partir dos 14 anos. O Kremlin alega que Kiev vem pagando adolescentes para promoverem ataques, com pelo menos 158 menores já condenados por acusações relacionadas a terrorismo e sabotagem desde o início da guerra.

Para o especialista político independente Andrei Kolesnikov, a Rússia vem "aclimatando a sua população a uma existência semi-militar prolongada e instando as pessoas a prepararem-se para maiores sacrifícios à medida que a guerra se arrasta". Em entrevista ao Guardian, Kolesnikov destacou que o Kremlin está preparando o terreno para uma piora nas perspectivas econômicas do país.

Uma pesquisa recente da agência governamental VTsIOM indicou que quase 70% dos russos estariam dispostos a "apertar os cintos" para defender seu país, diante da estagnação econômica decorrente das sanções ocidentais.

Eficácia da estratégia ucraniana

A estratégia ucraniana de promover ataques de longa distância contra instalações-chave russas tem demonstrado resultados significativos. Com foco em refinarias de petróleo, centros de logística militar e depósitos de combustível, Kiev conseguiu atingir 16 instalações de grande porte, forçando Moscou a conviver com escassez de gasolina e problemas no fornecimento de energia.

O impacto econômico dessas ofensivas também se mostra relevante, uma vez que as exportações de diesel e combustível de aviação foram reduzidas devido ao impacto na capacidade de refino de petróleo na Rússia. Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os ataques têm forçado o Kremlin a importar combustível para suprir necessidades internas.