Em um movimento que busca abrir caminho para negociações, delegações da Rússia e dos Estados Unidos se reuniram nos Emirados Árabes Unidos para discutir uma proposta de paz para o conflito na Ucrânia. O encontro ocorreu na última semana, em meio a um cenário de tensões renovadas após declarações consideradas inflamatórias por parte da Otan.
Críticas russas a declaração da Otan
O clima diplomático já estava aquecido antes da reunião. Na segunda-feira, dia 1º, o governo russo reagiu com veemência a uma entrevista concedida ao Financial Times pelo almirante Giuseppe Cavo Dragone, o oficial militar de mais alta patente da Otan. Na ocasião, ele afirmou que a aliança considerava ser "mais agressiva contra a guerra híbrida" de Moscou, o que poderia ser enquadrado como uma "ação defensiva".
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou as falas como "extremamente irresponsáveis" e uma tentativa clara de escalar o conflito. "Vemos nisso uma tentativa deliberada de minar os esforços para superar a crise ucraniana", declarou Zakharova, alertando para os riscos de tais declarações.
Os detalhes do plano de paz americano
Enquanto as críticas ecoavam, o foco principal das discussões nos Emirados era um plano de paz elaborado pelos Estados Unidos, que está sendo analisado por autoridades russas e ucranianas. De acordo com informações de agências de notícias, a proposta é abrangente e contém 28 pontos distintos.
Os termos centrais do plano, que teria se baseado em um documento de autoria russa apresentado em outubro ao governo de Donald Trump, incluem:
- A cessão das regiões de Donetsk e Luhansk à Rússia pelo governo ucraniano.
- O comprometimento com o desarmamento de parte do arsenal ucraniano.
- A assinatura de um "acordo de não agressão" envolvendo Rússia, Ucrânia e países europeus.
As exigências russas, reforçadas pelo presidente Vladimir Putin em viagem no fim de semana anterior, permanecem firmes: a Rússia só deporia as armas se as tropas ucranianas se retirarem dos territórios reivindicados por Moscou.
Tensão em meio às negociações
O processo diplomático sofreu um abalo na quarta-feira, 26 de novembro, com o vazamento de uma conversa entre o principal negociador americano e um assessor do presidente Putin. O incidente aumentou a desconfiança entre as partes pouco depois do encontro nos Emirados.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que está envolvido nos bastidores, deu uma indicação sobre o timing de um eventual acordo. Em uma mensagem na rede Truth Social, ele informou que só se reunirá com Putin e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "quando o acordo para terminar com esta guerra esteja concluído ou tenha alcançado as fases finais" de negociação.
O cenário no terreno continua devastador, como ilustrado pelos ataques recentes. No dia 19 de novembro de 2025, a cidade de Ternopil, no oeste da Ucrânia, foi alvo de bombardeios que destruíram um prédio residencial, um lembrete cruel dos custos humanos da guerra que o plano de paz tenta frear.