Em mais um capítulo sombrio do conflito que já dura quase quatro anos, a Ucrânia recebeu da Rússia mais de mil corpos apresentados como sendo de soldados ucranianos mortos em combate. A ação eleva para um patamar trágico o número total de restos mortais devolvidos desde o início de 2025.
Os números da última repatriação
O Centro Ucraniano para Prisioneiros de Guerra anunciou, através do Telegram, que 1.003 corpos foram repatriados em uma operação recente. Segundo as autoridades russas, todos seriam de combatentes ucranianos. Do outro lado, o conselheiro presidencial russo, Vladimir Medinsky, afirmou que Moscou recebeu de Kiev os restos mortais de 26 soldados russos.
Este episódio marca um marco macabro no conflito: o total de corpos devolvidos pela Rússia à Ucrânia desde janeiro já ultrapassa a marca de 16.000. Em contrapartida, a Ucrânia devolveu várias centenas de corpos à Rússia no mesmo período. Este intercâmbio funerário se consolidou como a única área de cooperação prática entre as duas nações em guerra.
O custo humano da guerra em números
As perdas humanas, conforme admitidas publicamente, são avassaladoras. Em fevereiro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou a uma rede de televisão norte-americana que seu país perdeu quase 46 mil soldados desde 2022. Analistas internacionais, no entanto, consideram este número subestimado. Zelensky também revelou que "dezenas de milhares" de militares estão desaparecidos ou foram capturados.
Do lado russo, um levantamento independente realizado pelo serviço russo da BBC e pelo portal Mediazona, com base em dados públicos, afirma ter contabilizado mais de 153.000 soldados russos mortos. As próprias organizações reconhecem que o número real é provavelmente muito superior.
Contexto político e apelo de Trump
A troca de corpos ocorre em um momento de intensa pressão diplomática. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um apelo direto à Ucrânia, pedindo que o país acelere as negociações com a Rússia antes que Moscou "mude de ideia". A declaração, feita em 19 de dezembro de 2025, adiciona uma nova camada de complexidade ao cenário geopolítico, sugerindo uma janela de oportunidade que estaria se fechando.
Enquanto isso, a dolorosa logística de repatriação de corpos segue sendo o único fio de contato humanitário entre os beligerantes, um lembrete constante do preço final pago no campo de batalha e da longa sombra que o conflito continua a projetar sobre as famílias de ambos os lados.