Em uma declaração que busca acalmar os temores de uma escalada bélica, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia não tem intenção de atacar outros países. A fala foi feita nesta quinta-feira, 19 de dezembro de 2025, e rapidamente repercutiu no cenário geopolítico internacional.
Condição para a paz: respeito aos interesses russos
Putin, no entanto, estabeleceu uma condição clara para a não realização de novas operações militares. Segundo o líder do Kremlin, novas ações bélicas só ocorreriam caso os interesses estratégicos da Rússia não fossem respeitados. A declaração, embora aparentemente conciliatória, mantém um tom de alerta aos países ocidentais e à Otan, reforçando a linha de que Moscou reagirá a provocações percebidas como ameaças à sua segurança.
O pronunciamento ocorre em um momento de tensão persistente na Europa, mais de três anos após o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022. A guerra segue sem um fim à vista, com combates intensos na linha de frente.
Zelensky pede união e alerta a Polônia
Do outro lado do conflito, a reação às palavras de Putin foi de cautela. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um apelo por maior união entre a Ucrânia e a Polônia. Em seu discurso, Zelensky emitiu um alerta direto ao país vizinho, sugerindo que a Polônia pode ser um próximo alvo potencial de Moscou se a agressão não for contida.
O chamado de Zelensky reflete a preocupação de Kiev com a possibilidade de a guerra se expandir para além das fronteiras ucranianas, especialmente para nações que fazem parte da Otan e são fortes apoiadoras da Ucrânia. A Polônia tem sido um dos principais pontos logísticos para o envio de armas e ajuda ao governo ucraniano.
Contexto das negociações e cenário geopolítico
As declarações de Putin e Zelensky acontecem em um período de movimentações diplomáticas. Recentemente, representantes dos Estados Unidos marcaram encontros separados com Ucrânia e Rússia para o final de semana, em Washington e na Flórida. Paralelamente, Kiev anunciou a intenção de entregar uma nova proposta de paz a Moscou nos próximos dias, e líderes internacionais retomaram negociações para um possível acordo.
No entanto, o otimismo é moderado. O primeiro-ministro da Itália, Giorgia Meloni, acusou publicamente a Rússia de fazer exigências irrazoáveis nas negociações, incluindo o controle de áreas que não conseguiu tomar pela força. Enquanto isso, o Kremlin comentou que o envio de tropas europeias à Ucrânia, uma possibilidade que tem sido discutida, "ainda precisa ser debatido".
O cenário permanece complexo e volátil. A garantia de não agressão de Putin está intrinsecamente ligada a uma visão russa específica de "respeito" e segurança, que frequentemente colide com a soberania e as aspirações de seus vizinhos. O apelo de Zelensky por união é um reconhecimento tático de que a solidariedade internacional é crucial para a sobrevivência da Ucrânia e para a dissuasão de uma guerra mais ampla.