Putin ameaça tomar mais terras da Ucrânia e chama líderes europeus de 'porquinhos'
Putin ameaça tomar mais terras da Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, fez novas ameaças territoriais contra a Ucrânia e dirigiu insultos a líderes europeus durante um discurso realizado nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025. Em tom beligerante, o líder do Kremlin afirmou que tomará mais terras se a Ucrânia e seus aliados se recusarem a negociar nos termos por ele estabelecidos.

Discurso de ameaças e insultos

Durante a reunião anual do Ministério da Defesa da Rússia, Putin foi enfático ao declarar que suas tropas continuam a avançar em todas as frentes do conflito. Ele reafirmou que os objetivos da chamada "operação militar especial" – como Moscou denomina a guerra – serão alcançados pela força ou pela diplomacia.

O presidente russo dirigiu-se aos líderes europeus de forma depreciativa, chamando-os de "porquinhos". A declaração ocorre em um contexto de crescente tensão entre a Rússia e as nações do continente, que acusam o Kremlin de travar uma guerra híbrida, combinando ações militares com campanhas de desinformação e ciberataques.

Condições para a paz e avanço militar

Putin vinculou a possibilidade de um acordo de paz à aceitação, por parte de Kiev e seus patrocinadores, dos termos elaborados pelos Estados Unidos. "Se o lado oposto e seus patrocinadores estrangeiros se recusarem a participar de discussões substanciais, a Rússia conseguirá a libertação de suas terras históricas por meios militares", advertiu.

Esta fala acontece um dia após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciar que uma nova versão de proposta de paz seria apresentada a Moscou "em dias". O governo russo afirma controlar aproximadamente 19% do território ucraniano, incluindo:

  • A maior parte da região leste de Donbas
  • Grandes porções das regiões de Kherson e Zaporizhzhia
  • Partes de outras quatro regiões
  • A Crimeia, anexada ilegalmente em 2014

Reação europeia e tensão crescente

O discurso de Putin ocorre em um momento de alerta máximo no flanco leste da União Europeia. No dia anterior, países como Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Bulgária assinaram uma declaração conjunta exigindo a priorização "imediata e urgente" de suas capacidades defensivas diante da ameaça russa.

O documento afirma que a sensação de segurança "mudou de forma irreversível" após a invasão da Ucrânia e as incursões de drones atribuídas a Moscou. Desde setembro, drones violaram o espaço aéreo da Polônia, Romênia, Estônia e Bélgica, episódios que a Europa interpreta como parte da guerra híbrida.

Em resposta a uma dessas incursões no espaço aéreo de Bucareste, no final de novembro, caças romenos e alemães da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foram enviados para a fronteira da Romênia com a Ucrânia. O governo romeno classificou o incidente como uma provocação russa.

Negativa de conflito direto e acusações de histeria

Apesar das ameaças, Putin afirmou que não tem intenção de entrar em um conflito militar direto com a Europa. Ele classificou a preocupação ocidental como sintoma de uma "histeria" crescente. "No Ocidente falam em se preparar para uma grande guerra, e o nível de histeria está aumentando. As declarações sobre uma ameaça russa são mentiras. Buscamos cooperação mútua", declarou.

Contudo, no início de dezembro, o líder russo já havia elevado o tom, alertando que seu governo "não planeja entrar em guerra com a Europa; mas se a Europa entrar, estamos prontos agora mesmo". Em conversas com repórteres, Putin também ironizou os europeus, dizendo que "estão ofendidos por terem sido, por assim dizer, excluídos das negociações" sobre o fim da guerra, que se aproxima de completar quatro anos.

O conflito, portanto, segue em um impasse perigoso, com a Rússia pressionando por concessões territoriais sob a ameaça de mais conquistas militares, enquanto a Europa Oriental se mobiliza para uma defesa que considera cada vez mais necessária.