O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, desembarca neste domingo (23) em Genebra, na Suíça, para negociar um novo plano de paz destinado a encerrar o conflito entre Ucrânia e Rússia. A proposta americana de 28 pontos tem gerado forte preocupação em Kiev e entre aliados europeus, sendo considerada por muitos como excessivamente favorável aos interesses russos.
Detalhes do plano americano
Elaborado por Washington, o plano de paz inclui concessões territoriais significativas à Rússia que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rejeitou categoricamente em diversas ocasiões. O documento prevê a cessão de grandes porções de território ucraniano, uma exigência que Moscou mantém desde o início da invasão comandada por Vladimir Putin.
A delegação ucraniana será liderada por Andrii Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, e contará com representantes da França, Alemanha e Reino Unido. Do lado americano, além de Rubio, participam o secretário do Exército Dan Driscoll e o enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff.
Preocupações europeias e reação ucraniana
Alice Rufo, ministra delegada do Ministério da Defesa da França, expressou sérias reservas sobre o plano americano antes do encontro. Em entrevista à France Info, ela destacou que uma das principais questões em discussão será a restrição imposta ao Exército ucraniano, incluída na proposta, que classificou como "uma limitação de sua soberania".
"A Ucrânia deve ser capaz de se defender", afirmou Rufo. "A Rússia quer a guerra e, de fato, promoveu guerra muitas vezes nos últimos anos."
Zelensky manifestou profunda preocupação com o documento, afirmando que a Ucrânia pode ter de escolher entre preservar sua soberania e manter o apoio dos Estados Unidos. O presidente ucraniano reafirmou que seu povo "sempre defenderá" o território nacional.
Posicionamento de Trump e próximos passos
Em declarações a repórteres em frente à Casa Branca no sábado, o presidente Donald Trump afirmou que o plano americano não representa sua "oferta final". Trump expressou seu desejo de alcançar a paz e disse que o conflito "nunca deveria ter acontecido".
"De um jeito ou de outro, temos que acabar com isso", declarou o presidente americano, sem fornecer detalhes adicionais sobre o que significaria a afirmação de que a proposta não é definitiva. A Casa Branca não respondeu a pedidos de esclarecimento sobre a observação.
Os aliados ocidentais agora se mobilizam para ajudar Kiev a revisar o documento, tentando equilibrar a pressão por uma solução diplomática com a necessidade de preservar a integridade territorial e a soberania da Ucrânia.