A Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma organização apoiada por Israel e Estados Unidos, anunciou oficialmente nesta segunda-feira (24) o encerramento de sua missão de distribuição de ajuda alimentar na Faixa de Gaza. A decisão marca o fim de uma operação marcada por controvérsias e incidentes violentos.
Operação conturbada e críticas internacionais
A GHF enfrentou duras críticas de diversas organizações humanitárias, incluindo as Nações Unidas, que questionaram sua neutralidade durante a operação. A fundação havia iniciado a distribuição de alimentos na semana passada, mas a ação foi marcada por episódios de tumulto, tiros e mortes de palestinos nos pontos de distribuição.
Uma cena emblemática ocorreu em 2 de junho de 2025, no campo de distribuição em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, onde uma menina teve sua reação fotografada enquanto recebia uma refeição, enquanto outros aguardavam na fila. A imagem, registrada por Eyad Baba da AFP, simboliza a situação dramática vivida pela população local.
Origens obscuras e ligações polêmicas
A GHF apresenta uma história cheia de questionamentos. A organização foi criada em fevereiro sem qualquer histórico relevante em crises humanitárias, mas mesmo assim recebeu autorização dos EUA e Israel para controlar a distribuição de ajuda em Gaza.
Sua sede está localizada em Delaware, estado americano conhecido como paraíso fiscal, e as origens do grupo são consideradas opacas. Inicialmente, circulou a informação de que o grupo tinha registro na Suíça, mas jornalistas não encontraram nenhuma evidência no endereço indicado. O registro no Delaware foi descoberto pelo jornal The New York Times.
Rede de segurança e financiamento misterioso
De acordo com investigações do The New York Times e do jornal israelense Haaretz, a GHF mantém laços estreitos com duas empresas americanas responsáveis pela segurança nos centros de distribuição em Gaza: Safe Reach Solutions (SRS) e UG Solutions.
A primeira empresa tem ligações com um ex-agente da CIA, levantando ainda mais questões sobre a natureza da operação. Além disso, não está claro de onde vem o financiamento da GHF, tanto para pagar as empresas de segurança quanto para distribuir os alimentos.
O anúncio do fim das operações ocorre em um momento delicado, enquanto o Hamas critica e Netanyahu elogia o plano de paz para Gaza aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU.