Japão aciona caças após invasão de drone chinês perto de Taiwan
Japão aciona caças após drone chinês invadir espaço aéreo

O governo japonês confirmou nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, que acionou sua Força Aérea no último sábado após detectar um drone de origem chinesa nos arredores da ilha de Yonaguni, no extremo sul do país. O episódio representa mais um capítulo na escalada das tensões entre Tóquio e Pequim, que se intensificaram desde a posse da primeira-ministra Sanae Takaichi.

Detalhes do incidente aéreo

Segundo o Ministério da Defesa do Japão, um drone supostamente chinês sobrevoou a região entre a Ilha de Yonaguni e Taiwan no dia 15 de novembro. Em resposta à invasão do espaço aéreo, caças da Força de Autodefesa Aérea do Sudoeste do Japão foram imediatamente acionados para monitorar a situação.

O governo japonês divulgou um comunicado oficial através da rede social X, confirmando o ocorrido: "No sábado, foi confirmado que um suposto drone chinês havia sobrevoado a região entre a Ilha de Yonaguni e Taiwan, e caças da Força Aérea de Autodefesa do Sudoeste do Japão foram acionados para responder à ocorrência".

Contexto político das tensões

A primeira-ministra Sanae Takaichi, que assumiu o cargo em 21 de outubro e é a primeira mulher a liderar o Japão, tem sido uma voz crítica em relação às ações da China na região Ásia-Pacífico. Durante discurso no Parlamento japonês em 7 de novembro, Takaichi afirmou que uma ação militar contra Taiwan representaria uma "ameaça à sobrevivência" do Japão.

Esta declaração tem peso significativo, pois de acordo com a legislação japonesa, uma ameaça existencial é um dos poucos casos em que as forças armadas do país podem agir militarmente. A posição firme da premiê provocou reação imediata de Pequim, que convocou o embaixador japonês na sexta-feira, 14 de novembro, em sinal de protesto.

Incidentes marítimos e diplomáticos

Além do incidente aéreo, o secretário-chefe do gabinete japonês, Minoru Kihara, informou que navios da guarda costeira chinesa permaneceram por várias horas nas águas territoriais japonesas ao redor do arquipélago das Ilhas Senkaku. Estas ilhas são historicamente disputadas entre os dois países - enquanto o Japão as chama de Senkaku, a China as denomina Ilhas Diaoyu.

As tensões diplomáticas se intensificaram ainda mais quando um diplomata chinês publicou online um comentário sugerindo que "cortassem o pescoço" da primeira-ministra japonesa. Em resposta, Tóquio também convocou o embaixador chinês, em um movimento recíproco de protesto.

Como medida adicional, a China emitiu um alerta aconselhando seus cidadãos a evitarem viagens ao Japão. A embaixada chinesa no Japão justificou a medida através do aplicativo WeChat, afirmando que "os líderes japoneses fizeram declarações abertamente provocadoras sobre Taiwan, o que prejudicou gravemente o ambiente para os intercâmbios entre os povos".

Esforços diplomáticos em andamento

Em meio à crise, o principal diplomata japonês para a região, Masaaki Kanai, viajou até Pequim para se reunir com seu homólogo chinês, Liu Jinsong. O objetivo do encontro é conter a escalada das tensões e buscar um caminho diplomático para resolver as disputas.

O secretário-chefe Kihara definiu as manifestações chinesas como "incompatíveis com a direção mais ampla acordada pelos líderes das duas nações", indicando que as recentes ações contrariam acordos diplomáticos previamente estabelecidos entre Japão e China.

O incidente com o drone chinês ocorre em um momento particularmente delicado nas relações bilaterais, com menos de um mês desde a posse da premiê Takaichi, que já estabeleceu um tom firme em relação às ações chinesas na região.