Gaza em Números: Mais de 67 Mil Vidas Perdidas em Dois Anos de Conflito com Israel
Gaza: 67.869 mortos em 2 anos de guerra com Israel

Os números chegam como um soco no estômago. Dois anos se passaram — 730 dias de um conflito que parece não ter fim à vista — e o custo humano alcança proporções quase inimagináveis. O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, acaba de divulgar o balanço mais recente, e os dados são de cortar a respiração.

67.869.

Pare por um segundo e deixe esse número ecoar. São sessenta e sete mil, oitocentos e sessenta e nove seres humanos. Pais, mães, filhos, avós, estudantes, sonhadores. Vidas inteiras reduzidas a uma estatística brutal. E olhe, esses são apenas os casos confirmados — a realidade no terreno sugere que o número final pode ser ainda mais aterrador.

Um conflito que redefine o significado de tragédia

Quando a guerra estourou em outubro de 2023, ninguém — absolutamente ninguém — poderia prever que chegaríamos a este ponto. Os primeiros dias foram marcados por choque e incredulidade. Agora, dois anos depois, a situação se transformou numa espécie de normalidade macabra. E o pior? A sensação de que o mundo já se acostumou com a carnificina.

O comunicado do Ministério veio acompanhado de detalhes que dão arrepios. Eles mantêm um rigoroso — e francamente heroico, considerando as circunstâncias — sistema de registro de cada vida perdida. Cada nome, cada idade, cada história. É um trabalho de detetive realizado sob bombardeios, com equipes médicas trabalhando sem insumos básicos e com a eletricidade cortada na maior parte do tempo.

O que os números não mostram

Por trás da frieza dos dados, existe uma realidade ainda mais complexa. Os hospitais — o pouco que ainda funciona — operam no limite do colapso. Médicos fazem milagres com quase nada, enquanto a população civil tenta sobreviver entre escombros. A falta de água potável, medicamentos e comida adequada cria uma crise dentro da crise.

E sabe o que mais me deixa perplexo? Como a vida insiste em continuar mesmo no inferno. Crianças ainda encontram motivos para sorrir entre as ruínas. Famílias compartilham o pouco que têm. Há uma resiliência humana que nem a guerra mais brutal consegue extinguir completamente.

A comunidade internacional acompanha — alguns com genuína preocupação, outros com aquela distância cômoda que caracteriza tantos conflitos modernos. Enquanto isso, nas ruas de Gaza, o cotidiano se transformou num exercício de sobrevivência. Cada dia é uma vitória contra todas as probabilidades.

Para onde vamos daqui?

Dois anos. Vinte e quatro meses. E o que mudou? A pergunta que não quer calar é: quando — e como — isso vai terminar? As negociações de paz parecem sempre emperrar em detalhes que, francamente, soam como desculpas quando colocadas frente a frente com dezenas de milhares de mortes.

Enquanto os diplomatas discutem em salas refrigeradas, no terreno a realidade é bem diferente. Cada novo dia traz seu próprio custo em vidas humanas. E o mais triste? Muita gente já nem se surpreende mais com os números. É como se tivéssemos desenvolvido uma certa imunidade emocional diante de tragédias em escala industrial.

Mas não deveríamos. Essas 67.869 vidas merecem mais do que nossa indiferença estatística. Elas representam histórias interrompidas, futuros cancelados, lutos que nunca terão fim. E o pior — essa contagem provavelmente ainda não terminou.

O que vem pela frente? Honestamente, é difícil ser otimista. Mas se há uma lição nesses dois anos terríveis, é que a capacidade humana de resistir e esperar por dias melhores persiste, teimosa e bela, mesmo nas circunstâncias mais desumanas.