Coreia do Norte alerta sobre efeito dominó nuclear na Ásia após acordo EUA-Coreia do Sul
Coreia do Norte alerta sobre efeito dominó nuclear na Ásia

A Coreia do Norte emitiu um alerta grave nesta terça-feira (18) sobre os riscos de um efeito dominó nuclear na região asiática. O aviso foi uma resposta direta aos planos revelados por Coreia do Sul e Estados Unidos para desenvolver submarinos movidos a energia nuclear.

Críticas através da imprensa estatal

Em um editorial publicado pela agência estatal KCNA, Pyongyang afirmou que a parceria militar entre Washington e Seul "inevitavelmente" desencadearia uma corrida armamentista intensa na Ásia. A posição representa a primeira reação norte-coreana aos documentos apresentados pelos dois países na última semana.

Os documentos em questão incluem um informe sobre os dois encontros entre o presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, e o presidente americano, Donald Trump, além do comunicado final da 57ª Reunião Consultiva de Segurança. Nesses textos, Washington e Seul confirmam um afrouxamento parcial das restrições ao enriquecimento de urânio pela Coreia do Sul.

Acusações de mudança na política de desnuclearização

O editorial norte-coreano critica severamente a decisão dos Estados Unidos de permitir que Seul avance em tecnologia nuclear naval. Pyongyang acusa Washington de ter dado "sinal verde" para que a Coreia do Sul enriqueça urânio e reprocesse combustível nuclear.

Segundo a análise norte-coreana, essas medidas transformariam a Coreia do Sul em um "quase Estado nuclear". A Coreia do Norte também alega que EUA e Coreia do Sul abandonaram o conceito de "desnuclearização da Península Coreana" para adotar uma política de "desnuclearização da Coreia do Norte".

O regime de Pyongyang mantém sua posição condicional: qualquer diálogo só poderá ocorrer se a questão nuclear for retirada da pauta de discussões.

Resposta moderada da Coreia do Sul

Em resposta às acusações, a porta-voz da Presidência sul-coreana, Kang Yu-jung, afirmou em comunicado que Seul "não tem qualquer intenção hostil ou de confronto". Um representante do Ministério da Unificação, ouvido pela agência Yonhap, caracterizou o editorial como uma repetição de posições já conhecidas da Coreia do Norte.

O representante sul-coreano destacou o tom "moderado" do texto, que não cita diretamente os líderes dos EUA ou da Coreia do Sul. Esta manifestação ocorre em um contexto diplomático sensível, um dia depois de Seul apresentar sua primeira proposta oficial de diálogo militar intercoreano no governo Lee.

A proposta tem como objetivo evitar incidentes na fronteira e surge após a tentativa frustrada da administração Trump de realizar uma cúpula com Kim Jong-un durante a viagem do presidente americano à Ásia no mês passado.