Um brasileiro de 29 anos está desaparecido na Ucrânia há aproximadamente um mês, após se alistar como voluntário para combater na guerra contra a Rússia. A informação foi confirmada pela família e pela embaixada do Brasil em Kiev.
Quem é o brasileiro desaparecido no conflito
Joás da Rosa Oliveira, natural de São José, na Grande Florianópolis, viajou para a Ucrânia no dia 29 de junho com o objetivo de se voluntariar. Casado há nove anos com Cálita Cristina Ribeiro, ele é pai de dois filhos, com idades de 7 e 8 anos.
Segundo relatos da esposa, Joás não tinha nenhuma ligação prévia com o país europeu. Ele decidiu ir por vontade própria, movido pelo desejo de ajudar. "Ele sempre gostou de ajudar, sabe. Sempre foi impaciente de ver as pessoas precisando de ajuda e ele não podia fazer nada", contou Cálita.
A família afirma que ele custeou a própria passagem aérea e nunca recebeu qualquer pagamento das autoridades ucranianas por seu serviço.
Os últimos contatos e o desaparecimento
O último contato direto com a família ocorreu no dia 9 de novembro. Na ocasião, Joás avisou à esposa que seria enviado para uma missão e ficaria incomunicável por cerca de três dias, com previsão de retorno na quarta-feira seguinte.
Essa quarta-feira nunca chegou. De acordo com informações repassadas por colegas do brasileiro à sua esposa, o desaparecimento ocorreu no dia 15 de novembro, por volta das 9 horas da manhã.
Antes da missão fatal, Joás passou por um intenso período de treinamento entre os meses de agosto, setembro e outubro. Em seguida, foi deslocado para uma residência segura na região de Zaporizhia, de onde partiu para a operação onde desapareceu.
A busca por respostas e o posicionamento oficial
Desde que perdeu o contato, a esposa de Joás tem buscado incessantemente informações sobre o estado de saúde dele junto à Embaixada do Brasil em Kiev e ao Governo Federal.
Em nota, a embaixada confirmou que foi notificada pelas autoridades ucranianas sobre o desaparecimento do nacional brasileiro em combate e que está prestando a assistência consular devida à família.
O comunicado, no entanto, ressalta a complexidade da situação: "Note-se que a prestação de assistência consular em situações que envolvem nacionais engajados em forças armadas de terceiros países apresenta especificidades, inerentes às obrigações contraídas no ato de alistamento e às circunstâncias no terreno de operações".
O Ministério das Relações Exteriores também reforçou que, em observância à Lei de Acesso à Informação, não divulga detalhes pessoais ou específicos sobre a assistência prestada a cidadãos.
Contexto do conflito e brasileiros envolvidos
A guerra na Ucrânia tem atraído voluntários estrangeiros desde seu início, e brasileiros estão entre eles. Muitos relatam enfrentar uma realidade dura e traumática nos campos de batalha.
Dados do Itamaraty atualizados até julho deste ano já registravam a morte de 9 brasileiros e o desaparecimento de 17 no contexto do conflito. O caso de Joás se soma a esta triste estatística.
O governo brasileiro mantém um alerta consular sobre os riscos da participação de cidadãos em conflitos armados em outros países, destacando os perigos extremos e as complicações jurídicas e consulares envolvidas.